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BdP: Subida dos juros no quarto trimestre de 2022 provocou queda de 14,2% do crédito à habitação

O prazo médio dos novos contratos de crédito à habitação diminuiu para 31,8 anos. As taxas mista e fixa aumentaram a sua importância, representando cerca de 19% dos novos contratos. O número de renegociações cresceu 17% e o montante renegociado aumentou 38%. São algumas das conclusões do relatório que traça o retrato do crédito em Portugal.
Cristina Bernardo
18 Julho 2023, 11h34

O Banco de Portugal publicou o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito de 2022, que  analisa a evolução, em 2022, dos mercados do crédito à habitação e hipotecário e do crédito aos consumidores.

Em 2022, o montante de crédito à habitação concedido aumentou 6,8%, aquém do crescimento de 36,4% registado no ano anterior, voltando a registar-se, pelo segundo ano consecutivo, níveis muito acima dos observados no período pré-pandemia, revela o relatório.

O montante de crédito à habitação concedido foi desacelerando ao longo dos trimestres, em comparação com os períodos homólogos do ano anterior. No último trimestre do ano, acabou mesmo por cair (14,2%), num contexto de subida significativa das taxas de referência Euribor, segundo o BdP.

Em média, foram celebrados 9.644 contratos de crédito à habitação por mês (menos 0,7%), num montante total de crédito concedido de 1.313 milhões de euros. O montante médio por contrato de crédito à habitação foi de 136.143 euros, mais 7,5% do que em 2021, segundo a mesma análise

Já o número de contratos na carteira das instituições e o saldo em dívida cresceram. As instituições tinham em carteira, no final de 2022, cerca de 1,5 milhões de contratos de crédito à habitação (mais 4,5% que no ano anterior), aos quais correspondia um saldo em dívida de 100,9 mil milhões de euros (mais 6,4%).

O Banco de Portugal detalha ainda que o prazo médio dos novos contratos diminuiu. “O prazo médio dos novos contratos diminuiu de 32,9 para 31,8 anos. Nos contratos em carteira das instituições, o prazo médio aumentou ligeiramente (de 33,5 anos para 33,6 anos)”.

Sem surpresas, aumentou a importância das taxas mista e fixa, que representaram 19% dos novos contratos. Em 2022, 80,8% dos contratos de crédito à habitação foram celebrados a taxa variável, uma proporção inferior à de 2021 (84,9%). Em contrapartida, aumentou a importância dos contratos com taxa mista (de 10%, em 2021, para 12,3%, em 2022) e com taxa fixa (de 5,1% para 6,4%).

O spread médio dos novos contratos com taxa variável voltou a diminuir ligeiramente, fixando-se em 1,09 pontos percentuais (1,14 em 2021).

Reembolsos do crédito à habitação sobem. Renegociações também

O número de reembolsos antecipados subiu 20,4%, e o de renegociações aumentou 17,4%, revela o regulador da banca.

Registaram-se 141.952 reembolsos antecipados em contratos de crédito à habitação, aos quais correspondeu um montante reembolsado de cerca de 6,6 mil milhões de euros (mais 15,1% do que no ano anterior). O aumento foi mais acentuado na segunda metade do ano, num contexto de aumento das taxas de juro de referência e de início de um período da suspensão temporária da comissão por reembolso antecipado nos contratos de crédito para habitação própria permanente a taxa de variável.

Já o montante renegociado no crédito à habitação aumentou 38,4%. Foram realizadas 41.332 renegociações, abrangendo 39.417 contratos de crédito à habitação e um montante total renegociado de aproximadamente 4,2 mil milhões de euros, revela o relatório.

O montante concedido noutros créditos hipotecários cresceu 20,1%, constata ainda o BdP. Foram celebrados 17.174 novos contratos de crédito com garantia hipotecária que não tinham finalidade habitação (mais 16,2%, do que em 2021), aos quais correspondeu um montante de crédito concedido de 1,1 mil milhões de euros.

Crédito ao consumo subiu 11,5%

O número de contratos de crédito aos consumidores subiu 11,5%, e o montante concedido aumentou 15,6%, revela o estudo. Em média, foram realizados 130.331 contratos de crédito aos consumidores por mês, aos quais corresponderam cerca de 632,7 milhões de euros. O montante de crédito concedido aumentou em todos os segmentos, mas o crescimento foi mais expressivo no crédito pessoal (25,7%). Os contratos de crédito pessoal tiveram um montante médio de 7.000 euros (6.800 euros em 2021).

O custo médio dos contratos de crédito aos consumidores cresceu menos do que as taxas de juro de referência. A TAEG média dos contratos de crédito aos consumidores situou-se em 11% no último trimestre de 2022, o que traduz um aumento de 0,5 pontos percentuais em relação a igual período de 2021.

A importância da contratação através de intermediários de crédito diminuiu no crédito automóvel, revela ainda o Banco de Portugal.

Os intermediários de crédito representaram 43,9% do montante de crédito aos consumidores concedido em 2022, uma diminuição relativamente à proporção de 2021 (46,9%). “Para esta diminuição contribuiu não só a perda de importância deste canal de comercialização no crédito automóvel (de 86,1% do montante concedido em 2021 para 83,9% em 2022), como também a redução do peso do crédito automóvel no total do crédito aos consumidores”, refere o BdP.

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