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Israel ordena deslocação de 1,1 milhões de habitantes da cidade de Gaza

Analistas preveem que a entrada das tropas israelitas no enclave estará para breve. Tentativa de reduzir impacto dos inevitáveis efeitos colaterais deixa intervenção na iminência. O Hamas insiste para os palestinianos permaneçam.
Lusa
13 Outubro 2023, 12h34

As autoridades israelitas ordenaram a deslocação de 1,1 milhões de pessoas que vivem na cidade de Gaza, uma espécie de capital do enclave, tornando claro que a intervenção terrestre estará para breve. Perante a ordem, o Hamas aconselhou os palestinianos a resistirem e a manterem-se nas suas residências – tentando assim manter o ‘escudo humano’ proporcionado pela sua presença.

“O povo palestiniano rejeita a ameaça dos dirigentes da ocupação e os seus apelos para abandonarem as casas e fugir para o sul ou para o Egipto”, lê-se no comunicado do grupo, citado por vários jornais. A fuga para o Egipto está, de qualquer modo – e segundo relatam as mesmas fontes – bloqueada. O governo egípcio tem sido muito pouco aberto a receber refugiados palestinianos nos seus territórios. Tal como sucede, aliás, com a maioria dos países árabes do Médio oriente.

Os analistas têm, de facto, chamado a atenção para este facto: o mundo árabe, mesmo aquele que continua a apoiar a Palestina, parece estar muito pouco interessado em ter de gerir uma vaga de refugiados que eventualmente surja do abandono da Faixa de Gaza ou mesmo da Cisjordânia.

A ONU diz, por seu lado, ter recebido a informação sobre a ordem de abandono das residências diretamente de Telavive e já ter pedido para que a ordem seja anulada. “[A deslocalização das pessoas] é impossível sem provocar consequências humanitárias devastadoras”, considerou a organização, justificando que tal “pode transformar uma já trágica situação numa calamidade”, dizem os jornais.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) anunciou entretanto a deslocação do centro de operações na Fixa de Gaza e as equipas internacionais que tem a operar naquele território para o sul do enclave. A agência da ONU espera, com esta relocalização, conseguir manter a missão humanitária e o apoio às respetivas equipas e aos refugiados na Faixa de Gaza, refere a Euronews. “Apelamos às autoridades israelitas para protegerem os civis nos abrigos da UNRWA, incluindo as escolas”, afirma a agência, numa publicação nas suas redes sociais.

A agência anunciou estar a dar refúgio e 220 mil pessoas em 92 escolas da Faixa de Gaza, e estima haver 340 mil palestinianos deslocados após os bombardeamentos israelitas dos últimos dias sobre o território, refere ainda a mesma agência.

O Conselho de Segurança da ONU tem previsto para esta tarde, 13 de outubro, uma nova reunião de urgência sobre a situação no Médio Oriente. De onde não deverá sair qualquer outra decisão que não seja um pedido de proporcionalidade na intervenção que Israel prepara. A própria NATO, pela voz do seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, fez precisamente o mesmo apelo. Como os analistas não se cansam de afirmar, todos estes apelos querem dizer que os organismos internacionais estão convencidos de que a intervenção de Israel em Gaza será particularmente desproporcionada – e escudada na teoria do direito de defesa.

Dados que nenhuma evidência pode confirmar dizem – segundo alguns destes analistas – que as baixas em Gaza podem chegar aos 100 mil mortos.

Desde a Jordânia, refere ainda a Euronews, onde deverá encontrar o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas rejeitou o “assassinato de civis dos dois lados” e exigiu “o fim imediato da agressão” contra o povo palestiniano.

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