O Presidente da Ucrânia apelou hoje à União Europeia (UE) para não cair na indecisão sobre a adesão ucraniana, advertindo que a História registará todas as opções feitas e que está em causa a confiança do bloco comunitário.
“Hoje é um dia especial. E este dia vai ficar registado na História. Se vai ser bom ou mau para nós, a História vai guardar tudo. Cada palavra, cada passada, cada ação e inação. Quem lutou pelo quê”, disse Volodymyr Zelensky aos líderes dos 27 Estados-membros, por videoconferência, no arranque da reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
“É importantíssimo que a Europa não caia hoje na indecisão. Ninguém quer olhar para a Europa e perceber que não é de confiança. Ou incapaz de tomar decisões para as quais se preparou”, criticou.
O Conselho Europeu vai deliberar nos próximos dias sobre o início das negociações com a Ucrânia para aderir à UE, depois de no início de novembro a Comissão Europeia ter dado ‘luz verde’ ao arranque do processo deste país candidato.
Contudo, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, tem sistematicamente ameaçado bloquear o início deste processo e também a continuidade do apoio à Ucrânia para repelir a invasão russa e reconstruir o país fustigado pela guerra.
“Este ano não houve erros nossos. Um único. A Europa atravessou este ano com dignidade. Não houve cobardia, não houve indecisão. E [Vladimir] Putin não ganhou nada este ano”, acrescentou Zelensky, na intervenção à qual a Lusa teve acesso.
O Presidente russo tentou “dividir e diminuir” a UE, advogou Zelensky, mas “perdeu tudo este ano”: “É importantíssimo que ele perca não só na Ucrânia, mas também em qualquer aspeto da vida europeia. A unidade da Europa aguentou-se”.
Dirigindo-se aos líderes, entre os quais Orbán, Volodymyr Zelensky considerou que todos perceberam “que não é o momento para meias-medidas ou hesitações”.
E dramatizou: “Hoje é o dia em que decidimos se vamos estar em Bruxelas ou em Moscovo. A população europeia não vai compreender se um sorriso de satisfação de Putin for consequência de uma reunião em Bruxelas”.
“Há dez anos, na Ucrânia, a população revoltou-se com bandeiras da União Europeia. Foi um símbolo de verdade para ela [a população] e assim deve continuar. Apenas peço uma coisa hoje, para não traírem as pessoas e a sua fé na Europa. Se ninguém acreditar na Europa, o que é que vai manter a União Europeia viva?”, questionou, em tom de conclusão, esperando que depois desta cimeira Kiev receba um calendário concreto para um dia ser também Estado-membro.
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