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Fed deverá manter o percurso apesar da turbulência nos mercados e da pressão política

Após aumentar a taxa de juro de referência na reunião de setembro, os analistas esperam que a Fed mantenha o intervalo entre 2% e 2,25%. No entanto, o sobreaquecimento da economia, a guerra comercial ou nova turbulência nos mercados poderão obrigar Jerome Powell a mudar os planos.
8 Novembro 2018, 07h50

A robustez da economia deverá continuar a ser suficiente para a Reserva Federal norte-americana manter a posição de endurecimento da política monetária, apesar da turbulência de outubro nos mercados financeiros e da pressão política. Os analistas esperam, por isso, que uma continuação da postura atual e manutenção das taxas de juro na reunião do banco central, que termina esta quinta-feira.

“A fundação económica forte dos EUA continua a validar a trajetória da Fed, apesar da crescente aversão ao risco observada recentemente nos mercados. Como tal, esperamos que o FOMC [Federal Open Market Committee] mantenha o rumo, livre da pressão política, e prossiga a normalização da política monetária”, afirmou Franck Dixmier, global head de Fixed Income da Allianz Global Investors, numa nota enviada ao Jornal Económico.

Após aumentar a taxa de juro de referência (federal funds rate) na última reunião, em setembro, o consenso entre os analistas aponta para que se mantenha o intervalo entre 2% e 2,25%. Da mesma forma, o banco central deverá reiterar o objetivo de continuar a endurecer a política monetária nos próximos trimestres, apoiado no dinamismo da atividade económica evidenciada.

A atividade económica nos EUA continua a crescer de forma robusta, com o produto interno bruto (PIB) a crescer 3,5% no terceiro trimestre do ano face ao período homólogo ou 0,9% na comparação em cadeia. A taxa de desemprego permaneceu em 3,7% em outubro, no valor mais baixo desde 1969, e a inflação subjacente permanece próxima de 2%.

Uma das preocupações é a turbulência vivida nos mercados financeiros norte-americanos sofreram em outubro, mas a equipa de research do BPI e CaixaBank considera que mesmo essa não deverá condicionar a estratégia da Fed já que a transmissão das condições financeiras dos EUA foi contida.

“A tendência ascendente que levou o S&P 500 a bater recordes históricos em setembro foi revertida e o índice acumula um declínio superior a 10% a partir dos valores máximos alcançados. Por outro lado, as yields da dívida soberana dos EUA a 10 anos permanecem em níveis próximos a 3,20%. No entanto, e apesar do aumento gradual das taxas de juros, a globalidade dos indicadores sugerem que as condições financeiras continuam sendo acomodatícias”, afirmou.

Ainda assim, há riscos. O BPI / Caixabank alerta que, por um lado, o estímulo fiscal na fase madura do ciclo poderia causar o superaquecimento da economia dos EUA e forçar a Fed a aumentar as taxas de forma mais agressiva diante de possíveis pressões inflacionistas.

Por outro lado, considera que a Fed poderia se mostrar mais cautelosa no caso da turbulência financeira ou da materialização de tensões comerciais ganharem expressão e colocarem em risco o cenário macroeconómico.

“É importante sublinhar que a Reserva Federal não vai colocar os seus planos de aumentos de juros em piloto automático. O banco central quer encontrar espaço de manobra para o caso da economia dos EUA atingir o ponto de inflexão. Porém, o FOMC vai ser pragmático e continuar atento à evolução dos dados económicos, em total independência e livre da pressão política”, acrescentou Dixmier, da Allianz Global Investors.

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