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Portugueses foram dos que mais recorreram a poupanças face à subida da inflação, diz OCDE

As poupanças acumuladas durante a pandemia rapidamente foram canalizadas para fazer face à inflação em Portugal, EUA e Itália, aponta a OCDE, que projeta um crescimento de 0,6% para o bloco euro este ano.
6 Fevereiro 2024, 07h30

A subida da inflação tem levado as famílias a recorrerem às poupanças acumuladas durante a pandemia e Portugal é o terceiro país da OCDE onde este fenómeno é mais evidente, atrás apenas dos EUA e de Itália. Na zona euro, a poupança até tem subido em relação aos últimos dois anos, o que permitirá suportar o consumo na segunda metade do ano, quando se espera um alívio das pressões inflacionistas.

O relatório de inverno da OCDE sobre as perspetivas macroeconómicas globais aponta para o depauperar das poupanças das famílias americanas, italianas e portuguesas face à subida dos preços nos últimos dois anos, ao contrário dos restantes países da organização. Assim, os portugueses têm consumido o equivalente a 1,5% do seu rendimento disponível proveniente do chamado ‘excesso de poupança’, ou seja, a diferença entre a poupança efetiva trimestral e o que se teria verificado caso se materializasse a taxa média registada entre 2015 e 2019.

No caso italiano, este valor supera os 2%, enquanto para as famílias norte-americanas se aproxima de 4%. Em sentido inverso, a zona euro regista um excesso de poupança de quase 1,5% do rendimento disponível neste período, um ranking liderado pela França, com mais de 5%.

Esta dinâmica abrandará na segunda metade do ano, quando a OCDE espera maior estabilidade na vertente dos preços e, por conseguinte, maior crescimento real dos salários e uma procura mais forte. Ainda assim, o crescimento na zona euro manter-se-á fraco, chegando apenas a 0,6% este ano.

Nos EUA, a expectativa é que este ano feche com um avanço de 2,1% no PIB.

A projeção de um crescimento perto de anémico na zona euro coincide com a visão da maioria dos analistas, que continua a considerar a política monetária restritiva como um peso na atividade este ano. Com a Alemanha a mostrar todas as suas debilidades e fragilidades, será a periferia europeia, sobretudo o Sul, a impulsionar o crescimento este ano.

Os índices de gestores de compras (PMI) para a zona euro em janeiro continuaram negativos, ou seja, abaixo de 50, embora com uma melhoria de 47,6 para 47,9. A Alemanha viu a estimativa inicial de 47,1 revista em baixa para 47,0, ao passo que o subíndice francês foi revisto em alta de 44,2 para 44,6.

As leituras positivas estão, portanto, na periferia: Itália registou um salto considerável ao ver o indicador subir de 48,6 em dezembro para 50,7, enquanto Espanha lidera com uma leitura de 51,5.

Ao mesmo tempo, as expectativas de preços voltaram a subir, tanto do lado dos inputs, como do produto final, e sobretudo do lado dos serviços. As empresas do sector terciário admitem estar a equacionar subir preços com uma magnitude não vista desde junho do ano passado, voltando a dar força à visão mais hawkish de que os juros não irão descer na primeira metade do ano, em linha com a mensagem que os bancos centrais europeu, americano e britânico têm procurado passar.

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