O ex-ministro das Finanças voltou a atacar o seu sucessor, depois da troca de acusações entre os dois políticos da oposição. Agora, Fernando Medina, em entrevista à “SIC Notícias”, diz que a diferença nos números apresentados ao país “ou é ignorância ou é falsidade”, defendendo que as contas públicas estão bem de saúde.
“As contas públicas portuguesas estão sólidas, como apresentei ao país na altura de passagem de pasta e como transmiti ao novo ministro das Finanças”, disse Medina, referindo-se a Joaquim Miranda Sarmento. Segundo os dados apresentados por Fernando Medina, mesmo num cenário com várias variantes, tudo indica que Portugal termine o ano com algum excedente.
Na mesma entrevista, o homem que tutelou a pasta das Finanças entre 2022 e 2024 sustentou que teve “oportunidade de transmitir que toda a operação de manter as contas certas me parecia totalmente incompatível com o programa eleitoral do PSD”, tendo-o afirmado em campanha eleitoral e aquando da apresentação do programa económico eleitoral, que Medina defende ter “um conjunto de promessas impossíveis para manter as contas certas”.
Sobre as acusações de Miranda Sarmento, o ex-autarca de Lisboa diz que só existem duas explicações para a diferença apresentada nos números, isto depois do atual governante ter anunciado um défice de 600 milhões de euros no primeiro trimestre do ano. “A diferença nos números tem uma de duas explicações: ou ignorância, que é má para o país, ou falsidade, e peço desculpa pelo uso desta palavra”. No mesmo discurso, Medina sustentou que os dados de contabilidade pública utilizados pelo seu sucessor “não são bons” para verificar a saúde financeira do país.
“Mantendo as políticas, não acrescentando ou cortando, Portugal acabará com um superávit de 0,7% do Produto [Interno Bruto, PIB]”, sustentou Medina no programa televisivo. Para o antigo governante, este superávit serve para “continuar a reduzir a dívida pública”, caso continuem a ser “seguidas boas políticas financeiras”.
Relativamente ao aumento da despesa fixa em 13% em março, Medina afirmou que as despesas se encontravam programadas, com a estimativa que nos próximos meses a taxa de crescimento dos gastos do Estado deve cair.
“O que até agora temos visto é que não há governação nenhuma”, criticou Fernando Medina, acrescentando que houve apenas uma tentativa de governação feita à sua conta, invocando o alegado “choque fiscal” anunciado pelo Governo de Luís Montenegro no IRS.
Sobre os aumentos salariais atualmente em discussão, nomeadamente a professores, profissionais de saúde e forças de segurança, Medina relembrou os alertas que efetuou ao longo da campanha eleitoral, admitindo uma “incompatibilidade” entre as ditas ‘contas certas’ e o programa apresentado pela oposição.
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