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“Nada nos vai impedir de fazer a coisa certa”, garante Powell, sobre pressões de Trump

Em conferência de imprensa, após anunciar a quarta subida das taxas de juro deste ano e sinalizar suavização no ritmo de aumento no próximo, o líder da Reserva Federal garantiu a independência face ao poder político, em resposta às críticas do presidente norte-americano.
20 Dezembro 2018, 07h30

A Reserva Federal (Fed) norte-americana tem a independência necessária para conduzir o rumo da política monetária, à margem de qualquer pressão. A garantia foi dada pelo presidente da instituição, Jerome Powell, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, quando foi questionado sobre as críticas do presidente norte-americano, Donald Trump, ao rumo da política monetária conduzida pelo banco central.

“As considerações políticas não desempenham nenhum papel qualquer nas nossas discussões ou decisões sobre política monetária. Vamos estar sempre focados na missão que o Congresso nos deu. Temos as ferramentas para o fazer”, referiu.

“Temos a independência, que achamos essencial para podermos fazer o nosso trabalho de forma não política”, acrescentou, salientando que a instituição está “absolutamente comprometida com essa missão. Não nos impedirá de fazer o que pensamos ser a coisa certa a fazer”.

Questionado sobre o impacto das críticas de Trump na capacidade da Fed comunicar com os mercados, Powell disse não estar “preocupado”. Esta segunda-feira, o presidente norte-americano publicou uma mensagem na rede social Twitter, na qual criticou, não pela primeira vez, a possibilidade de uma subida das taxas de juro.

“Sei, e todos que trabalham na Fed, sabem que faremos o nosso trabalho da forma que sempre fizemos e que envolve pensarmos juntos, com diversas perspectivas”, disse, acrescentando que o banco central ausculta as opiniões de várias partes da sociedade.

“Recebemos dados de sondagens com milhares de pessoas e portanto temos uma exposição bastante alargada sobre o que está a acontecer na várias regiões do país. E vamos pegar em toda essa informação e tomar as melhores decisões possíveis e nada nos levará a desviar disso”, sublinhou.

Esta quarta-feira, a Fed sinalizou que poderá fazer dois aumentos da taxa de juro diretora em 2019, após ter confirmado a quarta subida deste ano. Na última reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) de 2018, o banco central norte americano decidiu aumentar a federal funds rate em 25 pontos base, fixando os juros de referência para um intervalo entre 2,25% e 2,50%.

Reviu ainda em baixo as projeções do crescimento económico do país para o próximo ano, antecipando uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3%, que compara com os 2,5% projetados em setembro. Sobre a inflação, cuja fixação da meta nos 2% tem sido um dos temas em debate entre os governadores dos bancos centrais mundiais, a Fed reviu em baixa a projeção anterior de 2,1% para 2% em 2019, e de 2% para 1,9% este ano.

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