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Fórum para a Competitividade com dúvidas de crescimento de 2% em 2024

O segundo trimestre bastante abaixo do esperado e da média europeia coloca sérias dúvidas sobre o resultado projetado para o final do ano, ou seja, 2%. A piorar a situação, a economia global dá sinais de abrandamento na segunda metade do ano.
economia portuguesa
1 Agosto 2024, 11h55

O forte abrandamento da economia nacional no segundo trimestre torna difícil os objetivos de crescimento para este ano, sobretudo dado o fraco início do terceiro trimestre e o agravamento de vários focos de tensão no panorama global, argumenta o Fórum para a Competitividade. A confirmar-se, tal terá efeitos no Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano, erodindo a margem para medidas adicionais.

A nota de conjuntura relativa a julho destaca a descida do crescimento trimestral em cadeia de 0,8% no arranque do ano para 0,1% no segundo trimestre, um resultado que “lança uma sombra sobre o resto do ano, tornando inverosímil um crescimento de 2,0% no conjunto de 2024”, lê-se no documento.

Acresce a este abrandamento em Portugal os indicadores de mercado pouco animadores por todo o mundo, com exceção dos EUA. A economia alemã dá sinais de estar novamente em recessão técnica, ao passo que França se debate com a indefinição política, com ambos os países a arrastarem a zona euro para baixo. Também a China tem desiludido, afetando a procura externa na Europa.

“Finalmente, registe-se que, ao contrário dos trimestres precedentes, em que o crescimento em cadeia [nacional] tinha sido muito superior à média da UE, neste trimestre o crescimento de 0,1% foi claramente inferior aos 0,3% da UE e da zona euro”, acrescenta a nota.

A descida da confiança também afetou a economia nacional, com a exceção notória dos consumidores, que regressaram a valores acima dos registados antes da invasão russa da Ucrânia. Em sentido inverso, a dívida cresceu, o turismo e as exportações de bens abrandaram, o PRR continua com sérios problemas e atrasos e o desemprego, embora contido, subiu.

De acordo com as simulações feitas pelo diretor do gabinete de estudos do Fórum, Pedro Braz Teixeira, será necessário um crescimento em cadeia de 0,8% no segundo trimestre para que o país atinja os 2% de crescimento no final do ano, um cenário “inverosímil”. Será, portanto, mais provável a economia nacional avançar na casa dos 1,5%, o que tem implicações para a política orçamental.

“O crescimento do PIB acima do inicialmente estimado estava a gerar um sentimento de folga orçamental, que estava a dar gás às mais variadas reivindicações das oposições e a alguma contemporização face a elas por parte do governo. Se o PIB afinal cresce mais próximo dos 1,5% originais, a execução orçamental de 2024 fica mais complicada e a margem para as medidas adicionais desaparece”, projeta a nota.

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