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Manuel Pizarro: “A gestão privada dos hospitais já provou que funciona, deve continuar e até pode ser alargada”

Ex-secretário de Estado da Saúde considera que a Lei de Bases da Saúde “responde às necessidades”, mas “espera que venha a ser melhorada” no debate no Parlamento. Em entrevista à Antena 1 e “Jornal de Negócios”, Pizarro diz que não concorda com o fim da gestão privada dos hospitais e enaltece os resultados das quatro PPP existentes no setor da Saúde.
20 Janeiro 2019, 09h45

Em entrevista à Antena 1 e ao “Jornal de Negócios”, transmitida hoje, Manuel Pizarro disse que a Lei de Bases da Saúde “responde às necessidades”, mas “espera que venha a ser melhorada” no debate no Parlamento, agendado para a próxima semana. Na perspetiva do ex-secretário de Estado da Saúde, a solução ideal teria sido encontrar uma “versão” de síntese entre as propostas de Maria de Belém (ex-ministra da Saúde) e de Marta Temido (atual ministra da Saúde).

Contrariando a proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda, Pizarro não concorda com o fim da gestão privada dos hospitais, na medida em que – justificou – as quatro parcerias público-privadas (PPP) em vigor “provaram que as populações têm tido resposta de grande qualidade” e “sem penalizações para o Estado”.

Por essa razão admite que, recorrendo a estudos, caso a caso, possam ser estabelecidas mais PPP. E considera que a gestão privada não será impeditiva da aprovação da Lei de Bases da Saúde no Parlamento. “A gestão privada dos hospitais já provou que funciona, deve continuar e até pode ser alargada”, declarou Pizarro, alto comissário da Convenção Nacional da Saúde e vereador na Câmara Municipal do Porto.

Questionado sobre a exclusividade a atribuir aos médicos para que trabalhem apenas no setor público, Pizarro admitiu que, em teoria, a intenção é boa, mas na prática não é exequível porque o Estado não tem capacidade financeira para compensar os médicos. Sobre o financiamento do setor da Saúde reconheceu que “deixar acumular dívida estimula a má gestão”, ou seja, o que acontece é que “quem mais gasta é quem mais recebe”.

Pizarro considera que “não foi bem avaliada” a decisão de “passar para as 35 horas todos os que estavam em contrato individual de trabalho” e que ao fazê-lo deveria ter sido “logo feita a negociação sobre a progressão nas carreiras”. Se tivesse acontecido assim, o ex-secretário de Estado da Saúde acredita que a greve dos enfermeiros poderia ter sido evitada. Perante novas paralisações, Pizarro defende que é “preciso reforçar o diálogo”, até porque “a duração da greve é exagerada”.

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