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‘Izidoro O Mentalista’: falar de saúde mental à boleia de salsichas

“Fazer terapia é um orgulho” é uma das frases usadas na campanha que junta a marca Izidoro e o projeto Manicómio para desafiar preconceitos e levar as pessoas a descomplicar os tabus sobre a doença mental.
3 Outubro 2024, 19h33

A ideia é chegar ao maior número de pessoas e veicular mensagens que desmontem os muitos estigmas e tabus associados à saúde e doença mental. A iniciativa é da Izidoro, uma das marcas alimentares mais reconhecidas em Portugal. em parceria com o Manicómio, espaço de criação artística que cruza arte, saúde mental e direitos humanos.

Falamos de quê? da campanha de sensibilização ‘Izidoro O Mentalista’. Objetivo? Promover uma visão positiva e descomplicada do tema, incentivando o diálogo e desafiando preconceitos através de mensagens nos rótulos de uma edição limitada de salsichas em oito frascos exclusivos, disponíveis em supermercados por todo o país. Os consumidores, vão encontrar frases tão marcantes como “Fazer terapia é um orgulho”, “A doença mental não te define como pessoa”, “O burnout é um sinal para mudares de vida” ou “Sentir medo é normal” nos rótulos com design espelhado. A opção estética não é inocente. O que aqui se pretende é que os rótulos sejam uma alegoria ao ato de se ver a si mesmo, e funcionem como incentivo para que cada pessoa reconheça a importância do autocuidado.

Na prática, querem pôr as pessoas a falar sobre a doença mental, porque apesar de a pandemia ter aberto portas a este debate, é um tema que continua a ser um tabu na sociedade. Isto apesar de se estimar que 1 em cada 4 portugueses enfrente ou venha a enfrentar uma doença mental ao longo da vida, segundo o Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental da Faculdade de Ciência Médicas da Universidade de Nova de Lisboa, de 2013.

“Por sermos uma marca próxima, recebemos muitos desabafos e pedidos de ajuda dos consumidores, tanto online como por telefone”, assinala Inês Silva, brand manager da Izidoro. Partindo desta relação com os consumidores, a Izidoro procurou o Manicómio para compreender melhor os desafios da saúde mental. Desta colaboração, surgiu uma campanha, ‘Izidoro O Mentalista’. “Sendo uma marca democrática, consumida por todos, os frascos funcionam como um elemento de guerrilha, que chega a casa e à mente dos portugueses sem tabus e julgamentos”, explica Inês Silva em comunicado.

Já Marco Andrade, diretor de marketing da Izidoro/Grupo Montalva, destaca o facto de esta campanha se inserir “nos pilares sociais e de bem-estar que a marca tem vindo a promover de forma consistente ao longo dos últimos anos”. Mais do que isso, acrescenta, “reflete a identidade da Izidoro – uma marca empática, que desafia o status quo e que, com os seus produtos, entra diariamente na casa dos portugueses, partilhando os seus desafios”.

Se a campanha é vista, do lado da marca, como um trigger para inspirar as pessoas a falarem abertamente sobre saúde e doença mental, do lado de quem desenhou e concebeu a campanha, o Manicómio, além do desafio inesperado, o que Catarina Gomes, diretora do projeto destaque, é o facto de ser a primeira vez que uma marca portuguesa da indústria alimentar “aposta numa iniciativa deste género”. E, mais importante, o facto de “querer arriscar connosco numa nova abordagem e formatos para falar sobre saúde mental”.

Sendo outubro o ‘mês da saúde mental’, comunicar um tema complexo e espinhoso “de uma forma acessível e disruptiva, integrando “mensagens positivas e baseadas em dados científicos” num produto que se pode encontrar “em todos os supermercados” do país, sublinha Catarina Gomes, não só permite chegar a um maior número de pessoas, como ajuda a “reduzir o estigma que ainda persiste” em relação à saúde e doença mental.

Além da campanha, a Izidoro vai realizar um donativo ao projeto Consultas sem Paredes, uma iniciativa do Manicómio que oferece consultas de saúde mental em espaços públicos, promovendo a inclusão social e o acesso facilitado ao tratamento. Até porque, como se pode ler num rótulo, “a ansiedade é uma companheira difícil”.

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