As polémicas declarações de Luís Montenegro em torno do trabalho desenvolvido pela classe jornalística e da utilização de tecnologias como os auriculares mereceram, da parte do primeiro-ministro, um artigo de opinião em que explica melhor as suas posições e até reconhece que o Governo não é indiferente à utilização de meio de comunicação direta.
Num artigo de opinião publicado no “Expresso”, o primeiro-ministro admite que “não desconheço a utilidade dos auriculares e dos telemóveis no exercício profissional dos jornalistas e também não desconheço a utilidade e o potencial das redes sociais, quando utilizadas com rigor”. Neste artigo, Montenegro assegura que o Governo também utiliza este tipo de aparelhos na intercomunicação e “as redes sociais como poderosa ferramenta de comunicação direta”.
Mas, o Luís Montenegro aponta que a direção da sua declaração, quando apontou que os jornalistas utilizam os auriculares para lhes serem “sopradas” questões do outro lado, “não era essa”.
“Aceito que fui provocatório q.b., mas a reação a que assisti de vários quadrantes, além de manifestamente exagerada, foi muito descontextualizada. Sim, porque havia contexto!”, lê-se no artigo de opinião.
Para o primeiro-ministro, as declarações no evento “O futuro dos media”, que serviram de rampa de lançamento à apresentação de medidas aprovadas em Conselho de Ministros e inseridas no Orçamento do Estado para 2025, eram de preocupação por uma profissão que se tem mostrado cada vez mais precária e afetada por notícias falsas.
“A minha perspetiva foi sempre de valorização do papel insubstituível do jornalismo e da sua afirmação pela qualidade e responsabilidade”, indica, acrescentando que o plano para a comunicação social visa “valorizar o trabalho dos órgãos ‘tradicionais’ num quadro novo do ponto de vista tecnológico e concorrencial, ao mesmo tempo que visa incentivar e estimular o jornalismo ‘puro’ (como lhe chamei), que é aquele que pode contrariar a desinformação, as fake news e a manipulação desregrada que pulula nas redes sociais, com a aparência de jornalismo”.
“Mostrei a minha preocupação com a cada vez maior precariedade laboral dos jornalistas, que dificilmente não é prejudicial aos direitos de informar e ser informado. Como disse também, o regime precisa tanto de bons políticos como de bons jornalistas, porque ambos são essenciais à democracia, que só uma informação rigorosa, isenta e que não vá apenas atrás do tema do dia assegura”, aponta no artigo.
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