A evolução do comércio mundial nos próximos anos estará fortemente influenciada pelos resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos, previstas para novembro.
Segundo um relatório da Crédito y Caución, independentemente do vencedor, a nova administração deverá manter a tendência de políticas comerciais protecionistas que começou em 2018, quando os EUA iniciaram uma guerra comercial com a China. Desde então, a participação da China nas importações americanas caiu de 22% para 14%, com o México, a União Europeia e outros países da Ásia emergente a compensar essa redução.
O ex-presidente Donald Trump propõe o regresso a um protecionismo agressivo, com a ideia de implementar uma tarifa de 60% sobre as importações chinesas e uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações para os EUA. Embora a China seja o foco principal, a tarifa universal teria o potencial de impactar todas as importações, o que poderia desestabilizar as cadeias de abastecimento globais e provocar retaliações de parceiros comerciais, como a União Europeia e países do Sudeste Asiático.
Por outro lado, a vice-presidente Kamala Harris, no caso de ser eleita, provavelmente manteria a abordagem comercial do atual governo, caracterizada por um cepticismo em relação a acordos de livre comércio que não integrem preocupações laborais e ambientais. A política da candidata às presidenciais nos EUA poderia incluir parcerias regionais na América Latina e na Ásia, tentando criar cadeias de abastecimento alternativas à China, com um foco na melhoria dos direitos laborais e regulamentações ambientais.
O relatório indica ainda que as empresas globais deverão intensificar a diversificação de suas cadeias de abastecimento como estratégia de proteção contra o crescente protecionismo. Contudo, os impactos no comércio mundial dependerão fortemente do resultado das eleições.
Se Trump for reeleito, o comércio mundial de bens poderá ser 4% menor em 2029, em comparação com um eventual segundo mandato de Harris. Os exportadores americanos seriam os mais afetados, com vendas ao exterior projetadas para cair 12%, devido a tarifas retaliatórias e a uma diminuição da procura externa.
A curto prazo, o México enfrentaria as consequências mais severas devido à incerteza em torno do acordo comercial com os EUA e o Canadá, que deve ser renovado em 2026. Essa incerteza poderia prejudicar a confiança dos investidores no México como um centro de nearshoring. A longo prazo, a China seria a maior perdedora, com uma queda estimada de 5,8% no que diz respeito às exportações.
Embora países asiáticos emergentes, como a Índia e o Vietname, possam sair beneficiados da substituição comercial da China, possíveis restrições adicionais poderiam limitar esses ganhos.
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