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Ventura responde ao protesto por Odair Moniz com manifestação “em defesa da polícia”

Com o lema “Sem Justiça não há paz”, a manifestação será organizada em conjunto com familiares e amigos de Odair, associações de moradores do bairro do Zambujal, onde residia, e de outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa. À mesma hora decorrerá o protesto organizado pelo Chega, também na capital portuguesa, em defesa das forças de segurança.
24 Outubro 2024, 17h28

O movimento Vida Justa convocou uma manifestação para o próximo sábado, 28 de Outubro, às 15h00, no Marquês de Pombal, em Lisboa, em resposta à morte de Odair Moniz, um homem de 43 anos que foi baleado pela polícia após uma perseguição na Amadora.

Com o lema “Sem Justiça não há paz”, a manifestação será organizada em conjunto com familiares e amigos de Odair, associações de moradores do bairro do Zambujal, onde residia, e de outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa.

Na nota divulgada na sua página oficial no Facebook, o movimento expressa a necessidade de “fazer justiça” e condenar a morte de Odair Moniz, destacando que este não é um caso isolado, mas sim parte de um padrão de violência que afeta as comunidades.

“É preciso acabar com a violência e a impunidade policial nos bairros. É preciso que as pessoas deixem de ser tratadas como não-cidadãos que podem ser agredidos e mortos”, afirmam.

O movimento Vida Justa critica ainda as Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS), que impõem uma intervenção militarizada nos bairros, argumentando que “a pobreza e a etnia não podem ser criminalizadas”.

De acordo com o movimento, a segurança nas comunidades deve ser alcançada através da paz social e da garantia de justiça, e não por meio da repressão. “Os nossos bairros precisam de mais equipamentos públicos, melhor trabalho, serviços públicos em condições, transportes satisfatórios e habitação digna, não precisam de violência policial”, acrescentam.

Odair Moniz foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, após ter iniciado uma fuga quando avistou uma viatura policial.

Segundo a PSP, Odair Moniz teria resistido à detenção e tentado agredir os agentes com uma arma branca. No entanto, a versão da polícia foi contestada por organizações como a SOS Racismo e o próprio movimento Vida Justa, que exigem uma investigação séria e isenta para apurar todas as responsabilidades, apontando para uma cultura de impunidade nas forças policiais.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente ao caso, e a PSP também anunciou um inquérito interno. O agente envolvido foi constituído arguido.

Desde a morte de Odair Moniz, ocorreram desacatos no Bairro do Zambujal e em outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, resultando em incêndios de autocarros, automóveis e caixotes do lixo, além de várias detenções e ferimentos.

O movimento Vida Justa apela à participação de todos na manifestação pacífica de sábado, reforçando a necessidade de justiça e uma reforma nas práticas policiais em Portugal.

André Ventura, líder do partido Chega, reagiu a este protesto com a organização de uma manifestação paralela, também em Lisboa, com o objetivo de “defender a polícia”. Nas suas declarações, Ventura afirmou que a sua iniciativa visa mostrar que nem todos os portugueses compartilham da posição expressa pelo movimento Vida Justa.

O líder do Chega enfatizou a importância de apoiar as forças de segurança, destacando o papel da polícia na proteção da sociedade e na manutenção da ordem pública.

Este desenvolvimento gera um cenário de polarização entre os dois eventos, refletindo as diferentes percepções e opiniões sobre a atuação policial em Portugal. Enquanto o movimento Vida Justa clama por justiça e reforma nas práticas policiais, a manifestação organizada por Ventura pretende reafirmar a confiança nas instituições de segurança.

As duas manifestações em simultâneo prometem atrair atenção significativa, evidenciando a divisão de opiniões em torno da questão da violência policial e da justiça social nas comunidades. O desfecho desses eventos poderá ter implicações importantes para o debate social e político em curso no país.

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