O CEO do BCP apresentou os resultados do terceiro trimestre, no mesmo dia em que se apresenta o Plano Estratégico de 2025-2028.
O BCP registou lucros de 714,1 milhões até setembro a subirem 9,7% face ao período homólogo, em Portugal os lucros ascendem a 606 milhões, mais 8,8% face ao mesmo período de 2023.
O banco salienta que o resultado operacional core ascendeu a 1.765,9 milhões de euros (-4,1%).
Miguel Maya fala em “forte capacidade de geração orgânica de capital”.
A margem financeira caiu 0,3% para 2.110,8 milhões de euros, a provar que o pico da subida da margem pela subida dos juros já foi atingido. A taxa de margem está em 3,05% (em Portugal 2,24%), mas “ainda resiliente”, disse o CEO.
As comissões subiram 4% para 601,8 milhões.
Os custos aumentaram +10,8% no grupo para 946,6 milhões, piorando o cost-to-income para 35%. Só em Portugal os custos subiram +5,0% para 483,2 milhões (pondo o rácio de eficiência nos 33%). “O banco está a investir no reforço do banco e está a investir nos colaboradores”, disse o CEO.
No que se refere à subsidiária da Polónia, o Bank Millennium teve um lucro de 127,0 milhões de euros, apesar dos encargos de 550,01 milhões de euros associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços (dos quais 347,6 milhões de euros de provisões) e dos custos relacionados com a prorrogação das moratórias de créditos hipotecários em zlótis que ascenderam a 36,62 milhões de euros.
Em Moçambique o Millennium bim obteve um resultado líquido de 63,6 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.
O BCP destaca os sólidos rácios de capital CET1 de 16,5% (rácio oficial, sem os resultados do 3º trimestre deste ano, de 16,2%) e rácio de capital total de 20,8% (rácio oficial, sem os resultados do 3º trimestre , de 20,5%), correspondendo respetivamente a um aumento de 152 pb (pontos base ) e de 134 pb face ao período homólogo, “evidenciando a capacidade de geração orgânica de capital”, refere o banco.
“Os rácios de capital estão confortavelmente acima dos requisitos regulamentares SREP, mesmo considerando a reserva para risco sistémico setorial comunicada pelo BdP que visa reforçar a resiliência do setor bancário face a uma deterioração dos preços do imobiliário residencial”, diz o banco.
“Com referência a setembro de 2024, esta reserva em base proforma resulta num aumento estimado dos requisitos de fundos próprios de 29 pb, a partir de outubro de 2024”, acrescenta.
Os indicadores de liquidez saíram muito acima dos requisitos regulamentares.
O Liquidity Coverage Ratio fixou-se em 314%, o Net Stable Funding Ratio (NSFR) em 175% e o rácio de transformação de depósitos em crédito (LtD) a fixou-se em 68%.
Os ativos disponíveis para financiamento junto do BCE somam 28,2 mil milhões.
No balanço, os recursos totais de clientes do Grupo crescem 9,1% face ao período homólogo para 100,8 mil milhões, dos quais 82,2 mil milhões são depósitos (+8,6%). Em Portugal os recursos de clientes sobem +6,0% para 69,6 mil milhões de euros, dos quais 53,5 mil milhões são depósitos.
O crédito, por sua vez, ascendeu a 57,5 mil milhões de euros o que traduz uma subida anual de +1,5% (NPE a caírem -4,6% ou -0,09 mil milhões). Na atividade doméstica a concessão de crédito caiu -2,1% para 38,58 mil milhões de euros. Isto é, o BCP em Portugal deu menos 820 milhões de euros em crédito.
Em Portugal, o crédito performing soma 37,5 mil milhões (-1,8%).
O BCP destaca a redução dos ativos não produtivos face a setembro de 2023 de 92 milhões em NPE e de 60 milhões em imóveis recebidos por recuperação. O rácio de NPE melhorou de 2,03% para 1,93%.
O custo do risco situou-se em 39pb no Grupo nos primeiros nove meses de 2024 que compara com 50 pb no período homólogo (-22,9%), a beneficiar de uma operação específica de recuperação de crédito (sem esta operação o custo do risco seria 0,49%). Miguel Maya explicou que este custo risco é o espelho de “um banco que quer dar crédito”.
“Vamos vender carteiras sempre que tivermos matéria-prima adequada e propostas satisfatórias”, adiantou ainda o CEO que sublinhou que “a nossa atividade gera NPE, é inevitável”.
“O BCP esgota todas as soluções para ajudar os clientes, mas quando não é possível, o banco recorre à venda de carteiras”, explicou.
O BCP destacou na apresentação de contas o crescimento de 4% da base de clientes com destaque para o aumento de 11% dos clientes mobile que representam 71% do total no final de setembro de 2024.
Miguel Maya diz que o BCP cumpriu quase todas as metas do plano estratégico que acaba este ano. Exceto a Média de rating ESG que ficou aquém (67% contra 80% esperado).
No rácio de eficiência cost-to-income a meta era de cerca de 40% e o BCP ficou melhor, ao atingir os 35%.
O custo do risco tinha como meta cerca de 50 pbs e chegou a 39 pbs (portanto menos risco do que o estimado).
O ROE (rentabilidade) tinha como meta cerca de 10,0% e o rácio em 2024 é de 14,9%.
O Rácio CET1 estava previsto ficar acima de 12,5% e atingiu 16,5%.
O rácio de crédito malparado no plano estratégico era para ficar em 4,0%, mas ficou nos 3,4%.
Por fim a quota de clientes mobile também superou a expetativa que era de ser mais 65%, tendo ficado em 71%.
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