A tentativa legislativa sul-coreana de destituir o presidente Yoon Suk Yeol por causa da imposição da lei marcial, que durou pouco tempo, fracassou hoje depois de a maioria dos deputados do partido conservador no poder ter boicotado a votação.
A derrota da moção deverá intensificar os protestos públicos que apelam à destituição de Yoon e aprofundar o caos político na Coreia do Sul, tendo uma sondagem sugerido que a maioria dos sul-coreanos apoia o “impeachment” do presidente.
A declaração de lei marcial de Yoon, na terça-feira, suscitou críticas por parte do seu próprio partido conservador, o Partido do Poder Popular (PPP), mas este também está determinado a opor-se à destituição do presidente, aparentemente por recear perder a presidência para os liberais.
A destituição de Yoon exigia o apoio de dois terços da Assembleia Nacional, ou seja, 200 dos seus 300 membros.
Os partidos da oposição que apresentaram a moção de destituição tinham 192 lugares, mas apenas três dos 108 deputados do PPP participaram na votação.
A moção foi rejeitada sem contagem de votos porque o número de votos não chegou a 200.
Yoon Suk Yeol surpreendeu a Coreia do Sul na terça-feira à noite ao anunciar a imposição da lei marcial, uma medida sem precedentes desde o golpe de Estado do ditador Chun Doo-hwan, em 1980, e ao enviar o exército para o Parlamento com o objetivo de o amordaçar.
Em circunstâncias fora do comum, 190 deputados conseguiram, porém, realizar uma sessão de emergência durante a noite, enquanto os seus assistentes bloqueavam as portas do hemiciclo com móveis para impedir a entrada dos soldados armados.
Estes deputados tinham votado unanimemente contra a lei marcial, obrigando o impopular presidente conservador a revogá-la ao fim de apenas seis horas.
Na manhã de hoje, e num discurso televisivo à nação, que durou apenas dois minutos, Yoon, 63 anos, anunciou que confiaria ao seu partido a tarefa de tomar “medidas para estabilizar a situação política”, incluindo o respetivo mandato.
O líder do PPP, Han Dong-hoon, chegou a afirmar que “a demissão antecipada do presidente era inevitável”, uma vez que o exercício normal das suas funções era, na sua opinião, “impossível nestas circunstâncias”.
No entanto, após uma reunião realizada na sexta-feira à noite, a maioria dos deputados do partido reafirmou a posição oficial de se opor à destituição, enquanto Han apelou à “rápida suspensão” de Yoon.
“O principal problema é que, embora reconheçam que o presidente cometeu erros e é um criminoso, simplesmente não querem dar o poder a Lee Jae-myung”, o líder do Partido Democrático, a principal força da oposição, referiu à AFP Chae Jin-won, investigador do Colégio Humanitas, da Universidade Kyung Hee.Chae.
“Neste momento, o maior risco na Coreia do Sul é a própria existência do presidente. As únicas soluções são uma demissão imediata […] ou uma saída antecipada por destituição”, afirmou Lee Jae-myung após o discurso presidencial.
A declaração “só agrava o sentimento de traição e de raiva do povo”, frisou.
Dezenas de milhares de manifestantes alinharam-se hoje à tarde à porta do Parlamento para aguardar o resultado da votação.
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