O Banco de Portugal (BdP) atualizou em alta as projeções de crescimento para a economia nacional este ano e no próximo, revendo também em alta a expectativa de inflação para 2025. O banco central estima ainda o regresso aos défices orçamentais no próximo ano, antecipando um saldo negativo de 0,1% do PIB e défices no resto do horizonte da projeção.
O Boletim Económico de dezembro aponta para avanços de 1,7% e 2,2% no PIB este ano e no próximo, ambos os valores constituindo uma revisão em alta de 0,1 pontos percentuais (p.p.) em relação ao anterior exercício de projeções, em outubro. O consumo é o principal determinante desta melhoria, com o BdP a apontar a um crescimento de 3% e 2,7% do lado privado em 2024 e 2025 face a uma anterior projeção de 2,5% e 2,3%, respetivamente.
Do lado do consumo público, a previsão é agora de 1,1% em ambos os anos, ou seja, também uma melhoria em relação aos anteriores 1% e 0,9%.
Esta revisão em alta compensa a maior fraqueza do lado do investimento, com o PRR a continuar a desiludir e a não conferir o impulso projetado nesta componente, e da vertente externa, onde as tensões comerciais devem resultar num menor dinamismo.
O crescimento desacelera em 2027, o último ano do exercício de projeções agora divulgado, regressando aos 1,7% deste ano fruto do fim do PRR, explica o boletim.
No que respeita à inflação, o BdP antecipa agora 2,1% em 2025, ou seja, mais 0,1 p.p. do que em outubro, ao passo que a expectativa para o indicador de preços este ano se mantém em 2,6%. Já o indicador subjacente mostra um perfil mais elevado, chegando a 2,7% este ano (o que compara com 2,6% no exercício de outubro) antes de cair para 2,4% no próximo (também uma revisão em alta em relação aos 2,3% estimados em outubro).
Para 2026, o BdP antecipa uma inflação core de 2,2%, um corte de 0,1 p.p. em relação ao Boletim Económico anterior.
Do lado orçamental, o banco central aponta a um excedente ligeiramente maior do que o projetado pelo Governo este ano, mas antecipa um regresso aos défices a partir de 2025. Este ano fechará com um superavit de 0,6%, ou seja, acima dos 0,4% projetados no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), mas 2025 traz um défice de 0,1%.
Os anos seguintes mantêm-se em terreno negativo, com saldos deficitários de 1% em 2026 e 0,9% em 2027.
O documento do banco central explica a projeção com “efeitos das medidas permanentes já adotadas, que impactam tanto a despesa pública como a receita fiscal, pelos empréstimos do PRR previstos para 2026 e, a partir de 2027, pelo aumento de despesa nacional necessária para assegurar a continuidade dos projetos financiados pelo PRR”.
Ainda assim, a “dívida pública em percentagem do PIB continua a diminuir, passando de 97,9% em 2023 para 81,3% em 2027”. O BdP espera um rácio de 91,2% a fechar este ano, 86,5% no próximo e 83,5% em 2026, ou seja, um perfil de redução mais agressivo do que projeta o Governo.
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