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Líder do Chega Madeira indicou ex-esposa de deputado da AR como assessora com salário de 3.200 euros

O JE teve acesso a um documento que indicava Maria do Carmo Gomes (ex-esposa do deputado do Chega na AR, Francisco Gomes), como assessora do grupo parlamentar na Assembleia Legislativa da Madeira atribuindo um salário mensal ilíquido de 3.200 euros. “Não é tacho”, defendem o líder do Chega Madeira e o ex-marido da assessora, em declarações ao JE.
31 Janeiro 2025, 17h22

O líder do Chega Madeira, Miguel Castro, assinou um documento, a que o Jornal Económico teve acesso, que deu entrada na Assembleia Legislativa da Madeira, datado de maio de 2024, que indicava Maria do Carmo Gomes (ex-esposa do deputado do Chega Madeira na Assembleia da República, Francisco Gomes), como assessora do grupo parlamentar na Assembleia Legislativa da Madeira atribuindo um salário mensal ilíquido de 3.200 euros, num documento onde também estava inscrito o seu número de identificação fiscal e o número do cartão de cidadão.

Questionado pelo Jornal Económico se esta indicação de Maria do Carmo Gomes, poderia ser considerado um “tacho” (uma expressão utilizada com frequência pelo Chega para definir regalias de políticos de outras forças partidárias), o líder do Chega Madeira rejeita esse rótulo, tal como o deputado Francisco Gomes.

“Quando foi contratada já era ex-exposa de Francisco Gomes. É uma militante do partido e um quadro do partido”, diz o líder do Chega na Madeira, Miguel Castro.

Questionado sobre se defende esta indicação, Miguel Castro, respondeu de forma afirmativa e adianta que Maria do Carmo Gomes aufere um salário menor como assessora do Chega Madeira do que auferia como pertencente aos quadros de uma escola, no Funchal.

Num documento a que o JE teve acesso, é possível perceber que Maria do Carmo Gomes, enquanto funcionária de uma escola localizada no município do Funchal, auferia 3.320 euros ilíquidos, ou seja recebia mais na escola do que recebe como assessora do Chega Madeira na Assembleia da Madeira.

“Aliás, não há qualquer violação aqui de nada, de nenhum código deontológico”, diz Miguel Castro, referindo que Maria do Carmo Gomes,  é um “quadro superior” do partido, e acrescenta que o partido “tem falta” de quadros superiores.

“Todos os que vêm são muito importantes. Ela é uma mais valia para o partido. Analisem o currículo dela e depois vejam. Nós valorizamos as pessoas pelo mérito”, afirma Miguel Castro.

“Tacho? Não! É fruto do mérito dela”, diz deputado do Chega na AR

O deputado eleito pelo Chega Madeira, à Assembleia da Madeira, Francisco Gomes, também rejeita que a indicação da sua ex-esposa se trate de um “tacho”, referindo que Maria do Carmo Gomes vai receber menos como assessora do grupo parlamentar da força partidária, na Madeira, que recebia no seu anterior emprego.

“Não [é um tacho]. [A indicação] é fruto do mérito dela, e não de qualquer relação familiar que tenha tido comigo. E depois não é tacho. E porque é que não é tacho? Porque ela está a ganhar menos do que ganhava no anterior emprego. Foi para o Chega para ganhar menos […] perdeu dinheiro para ir trabalhar para o Chega. Gostaria de saber quantos assessores, em quantos partidos, aceitariam trabalhar por menos do que estavam a ganhar?”, disse Francisco Gomes ao Jornal Económico.

Francisco Gomes, referindo-se ao documento que indica Maria do Carmo Gomes, como assessora do Chega Madeira, diz que “essa situação é o fruto do desespero de certos e determinados partidos, particularmente aqueles que se sentem ameaçados pela determinação do Chega em limpar a Madeira e em dar um novo começo aos madeirenses que nada tenha a ver com o clima de intimidação, corrupção e compadrio que o PSD Madeira instalou na Madeira”.

Já o líder do Chega Madeira, Miguel Castro, elencou que noutros partidos existem mesmo ligações familiares, dando como exemplo as irmãs Mortágua no Bloco de Esquerda, e também no PS, exemplificando com Carlos César (pai) e Francisco César (filho). “O PS tem casais dentro do partido, tem maridos e mulheres. O grupo parlamentar do PSD tem um casal de namorados”, referiu Miguel Castro.

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