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Adiam a maternidade e ganham em média menos 238 euros: o perfil da mulher em Portugal

Em média, as mulheres ganham menos 16% do que os homens, ou seja, menos 238 euros por mês. Essa desigualdade aumenta nos cargos de topo, onde a presença feminina é ainda reduzida: aqui, as mulheres trazem menos 760 euros para casa, face ao que auferem os homens.
7 Março 2025, 11h02

Têm vindo a adiar a maternidade, estão em maioria no país e ganham menos 16% que os homens, revelam os dados da Pordata divulgados esta sexta-feira para assinalar o Dia Internacional da Mulher. Os indicadores da base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos traçam um perfil da mulher em Portugal, concluindo nomeadamente que as mulheres estão em maioria no país (52%) e que a proporção de mulheres aumenta gradualmente ao longo dos escalões etários. A partir dos 100 anos, há quatro vezes mais mulheres do que homens.

No capítulo da maternidade, os dados apontam para duas conclusões. Se por um lado, as mulheres portuguesas têm vindo a adiar a maternidade, com a idade ao primeiro filho a ultrapassar os 30 anos (registando-se um aumento significativo da taxa de fecundidade nas faixas etárias mais avançadas, entre os 40 e os 49 anos, por outro lado, as gravidezes na adolescência diminuíram.

Os dados da Pordata indicam que Portugal “está entre os países da UE com menos jovens mulheres nem-nem, destacando-se pela menor taxa de abandono escolar feminina e maior presença no ensino superior”, o que não se reflete a nível salarial, já que os homens ainda predominem em duas das três áreas onde os salários tendem a ser mais altos.

Outra das conclusões é que, embora Portugal tenha uma das maiores taxas da União Europeia de participação feminina no mercado de trabalho, a realidade mostra que existe uma “grande precariedade dos vínculos contratuais”, já que, segundo os dados divulgados, “quase uma em cada cinco mulheres tem um contrato de trabalho temporário”.

Ainda no capítulo do trabalho, é notória uma “disparidade de ganhos entre homens e mulheres” em todas as categorias de profissões, que se revela “penalizadora para a população trabalhadora feminina”.

Os dados assim o indicam: quase metade (49%) das mulheres empregadas trabalhavam em três das categorias de profissões que auferem remunerações mais baixas. Na categoria de trabalhadores não qualificados, as mulheres representam 69% do total dos trabalhadores (face a 31% de homens).  Em média, as mulheres em Portugal ganham menos 16% do que os homens, com uma diferença de 238 euros no ganho médio mensal. Nos cargos de topo, a desigualdade aumenta, com uma diferença de 26%, o que se traduz em menos 760 euros por mês para as mulheres.

Além de ganharem menos, a sua presença em cargos de liderança é ainda “significativamente inferior à dos homens”. Os dados da Pordata revelam que, “nos órgãos de decisão das empresas, havia menos de uma mulher para cada quatro homens (17%) em cargos seniores, o que coloca Portugal em 22.º lugar entre os países da União Europeia”.

Se atendermos ao risco de pobreza, em geral, é mais elevado na população feminina, sobretudo nas mulheres com 65 ou mais anos, mas também nas famílias monoparentais com filhos, onde 90% do adulto sozinho com crianças é mulher.

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