Moscovo quer o regresso das empresas ocidentais ao seu mercado, à medida que as relações com Washington progridem. Donald Trump disse recentemente ter tido uma “conversação séria” com Vladimir Putin sobre as “grandes transações económicas que vão ter lugar entre os Estados Unidos e a Rússia”.
O Governo russo contactou recentemente uma grande multinacional norte-americana para sondar sobre um regresso ao país, contou o “Financial Times”.
Em meados de fevereiro, o diretor-geral do Fundo Russo para Investimentos Diretos na Rússia (RFPI) abriu as portas do país às grandes petrolíferas mundiais, durante as conversações com os EUA sobre a Ucrânia.
A ideia do Kremlin é tentar seduzir os EUA para as “oportunidades económicas” que podem surgir com o fim da guerra na Ucrânia, segundo David Lorello analista na Covington&Burling.
Desde o início da invasão da Ucrânia que as companhias ocidentais perderam 167 mil milhões de dólares na Rússia, com 475 empresas a desistirem do mercado russo, e com 1.360 a reduzirem as suas operações, segundo uma estimativa da Kyiv School of Economics (KSE).
Um dos problemas é a transferência de capital, pois os principais bancos russos estão excluídos do sistema financeiro SWIFT.
Vários media russos pró-Kremlin têm anunciado que marcas como a Zara, Coca-Cola, Visa ou Mastercard estão de regresso, mas nenhuma confirmou estes planos e fontes próximas disseram ao “FT” que não existem planos para tal.
Mas há mais problemas, como a proibição de aviões russos no espaço aéreo europeu, de navios russos nos portos da Europa ou a proibição de empresas russas de transporte rodoviário.
E Portugal? O número de empresas exportadoras para este mercado afundou das quase 600 em 2021, antes da invasão da Ucrânia, para cerca de 160 em 2024. Em termos de importadoras, eram cerca de 590 em 2021 e passaram para 55 no ano passado, segundo os dados do INE.
Recorde-se que continuam a existir muitos bens que não estão sujeitos a embargos ou sanções.
O valor das exportações de bens para a Rússia caiu de 178 milhões em 2021 para 90 milhões em 2024. No entanto, depois de ter recuado para os 73 milhões em 2023 voltou a subir em 17 milhões durante o ano passado. Só a venda de vinhos disparou em 22 milhões para os 34 milhões de euros entre 2023 e 2024.
Segue-se o calçado que subiu em 3 milhões para 11 milhões de euros em vendas, Na terceira posição, o café manteve-se estável nos 8,5 milhões. Mas houve um disparou de seis milhões na venda de leite e laticínios para um total de 7 milhões.
As principais exportadoras são a Nestlé, Ballamore, Sociedade Agrícola da Quinta da Freiria, Casa da Fonte-Pequena, CTH Porto, Fibromade, COTESI ou Quinta da Lixa. Já as principais importadoras são a Naturgy, Riberalves, Rui Costa e Sousa & Irmão, Companhia Nacional Comércio Bacalhau, Blue Chem, Pascoal & Filhos, Caxamar, Adubos Deiba, Bacalhau do Barents.
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