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Pedro Nuno: “Primeiro-ministro está zangado mas só se pode queixar de si próprio”

Líder socialista responde ao desafio lançado por Luís Montenegro argumentando que o primeiro-ministro já sabe qual é o âmbito e o objeto das dúvidas que o PS tem sobre o negócio da Spinumviva, e apelando novamente: “Retire a moção”.
epa11244970 Prime Minister-designate Luis Montenegro (L) talks to Socialist Party secretary-general Pedro Nuno Santos (R), at the end of the election for the President of the Assembly of the Republic, who will succeed Augusto Santos Silva, in Lisbon, Portugal, 26 March 2024. EPA/TIAGO PETINGA
11 Março 2025, 16h11
Em atualização

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, arranca a intervenção no debate da moção de confiança constatando que o primeiro-ministro “está zangado” mas que Luís Montenegro “só se pode queixar de si próprio”. “Esta crise  é da exclusiva reponsabilidade do primeiro-ministro”, atirou o líder socialista.

Pedro Nuno Santos assinalou que o PS deu “todas as condições” ao Governo da AD para que pudesse governar, desde o dia 10 de março, dia em que PSD/CDS venceram as eleições legislativas. “Chumbamos a moção de rejeição do seu programa de Governo; viabilizamos a eleição do Presidente da Assembleia da República; viabilizamos um Orçamento do Estado e chumbamos duas moções de censura”, enumerou.

Repetindo o que tem dito diariamente, o secretário-geral do PS lembrou que o PS sempre disse que nunca aceitaria votar favoravelmente uma moção de confiança. “As circunstâncias mudaram”, reconheceu Pedro Nuno, dizendo logo de seguida: “Mudaram para pior”. “Se votávamos contra uma moção de confiança em janeiro, hoje infelizmente temos muito mais razões para a chumbar”.

Pedro Nuno Santos argumentou que, basta ler o texto da moção, ou ouvir a intervenção do primeiro-ministro no debate, para “perceber que não é intenção” de Luís Montenegro ter a viabilização de qualquer partido da Assembleia da República. “O único objetivo é ir para eleições antes de uma comissão parlamentar de inquérito”, acusou, desafiando também o primeiro-ministro: “Se não quer ir a eleições, retire a moção de confiança. Já sabe qual é o âmbito e o objeto daquilo que queremos saber, o requerimento (da CPI) já foi entregue. A solução é retirar a moção de confiança e aceitar a CPI”.

O líder do PS acusou ainda Montenegro te ter “montado um teatro” e de ter “arrastado” todo o seu Governo. “E agora que arrastar o país consigo com esta crise política”.

Pedro Nuno Santos passou depois ao ataque abordando a empresa que motivou a crise política. “Há quem diga que o primeiro-ministro tem direito a ter empresas, o problema é que a empresa do primeiro-ministro não é como a maioria esmagadora das empresas em Portugal”, disse Pedro Nuno, notando que “a vida de um empresário” em Portugal é difícil – “trabalha de sol a sol para conseguir encomendas e clientes que lhes permitam pagar salários, impostos e Segurança Social”.

Já a Spinumviva, empresa que o primeiro-ministro criou dois anos antes de ser eleito presidente do PSD, suscita “dúvidas” sobre como consegue negócios.

Um desses negócios, exemplificou Pedro Nuno, aconteceu em 2022, quando a empresa de Luís Montenegro “recebeu de um empresário ligado ao PSD, ou próximo do PSD, 238 mil euros para pagar uma reestruturação. Estamos a falar de uma empresa com margem de lucro reduzida (…) Por esse valor, a empresa podia ter contratado a Deloitte ou outra. Contratou um advogado que não tem nem experiência nem histórico no currículo de reestruturação de empresas ou conhecimento de gasolineiras”. A CPI é, por isso, “fundamental” para “dissipar qualquer dúvida, qualquer suspeita” que recaia sobre o primeiro-ministro.

Pedro Nuno Santos terminou a intervenção respondendo ao desafio lançado pelo primeiro-ministro, que assumiu suspender a sessão se o PS dissesse que informações quer e em que prazo, repetindo: “Peço, apelo: retire a moção de confiança”.

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