Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, arranca a intervenção no debate da moção de confiança constatando que o primeiro-ministro “está zangado” mas que Luís Montenegro “só se pode queixar de si próprio”. “Esta crise é da exclusiva reponsabilidade do primeiro-ministro”, atirou o líder socialista.
Pedro Nuno Santos assinalou que o PS deu “todas as condições” ao Governo da AD para que pudesse governar, desde o dia 10 de março, dia em que PSD/CDS venceram as eleições legislativas. “Chumbamos a moção de rejeição do seu programa de Governo; viabilizamos a eleição do Presidente da Assembleia da República; viabilizamos um Orçamento do Estado e chumbamos duas moções de censura”, enumerou.
Repetindo o que tem dito diariamente, o secretário-geral do PS lembrou que o PS sempre disse que nunca aceitaria votar favoravelmente uma moção de confiança. “As circunstâncias mudaram”, reconheceu Pedro Nuno, dizendo logo de seguida: “Mudaram para pior”. “Se votávamos contra uma moção de confiança em janeiro, hoje infelizmente temos muito mais razões para a chumbar”.
Pedro Nuno Santos argumentou que, basta ler o texto da moção, ou ouvir a intervenção do primeiro-ministro no debate, para “perceber que não é intenção” de Luís Montenegro ter a viabilização de qualquer partido da Assembleia da República. “O único objetivo é ir para eleições antes de uma comissão parlamentar de inquérito”, acusou, desafiando também o primeiro-ministro: “Se não quer ir a eleições, retire a moção de confiança. Já sabe qual é o âmbito e o objeto daquilo que queremos saber, o requerimento (da CPI) já foi entregue. A solução é retirar a moção de confiança e aceitar a CPI”.
O líder do PS acusou ainda Montenegro te ter “montado um teatro” e de ter “arrastado” todo o seu Governo. “E agora que arrastar o país consigo com esta crise política”.
Pedro Nuno Santos passou depois ao ataque abordando a empresa que motivou a crise política. “Há quem diga que o primeiro-ministro tem direito a ter empresas, o problema é que a empresa do primeiro-ministro não é como a maioria esmagadora das empresas em Portugal”, disse Pedro Nuno, notando que “a vida de um empresário” em Portugal é difícil – “trabalha de sol a sol para conseguir encomendas e clientes que lhes permitam pagar salários, impostos e Segurança Social”.
Já a Spinumviva, empresa que o primeiro-ministro criou dois anos antes de ser eleito presidente do PSD, suscita “dúvidas” sobre como consegue negócios.
Um desses negócios, exemplificou Pedro Nuno, aconteceu em 2022, quando a empresa de Luís Montenegro “recebeu de um empresário ligado ao PSD, ou próximo do PSD, 238 mil euros para pagar uma reestruturação. Estamos a falar de uma empresa com margem de lucro reduzida (…) Por esse valor, a empresa podia ter contratado a Deloitte ou outra. Contratou um advogado que não tem nem experiência nem histórico no currículo de reestruturação de empresas ou conhecimento de gasolineiras”. A CPI é, por isso, “fundamental” para “dissipar qualquer dúvida, qualquer suspeita” que recaia sobre o primeiro-ministro.
Pedro Nuno Santos terminou a intervenção respondendo ao desafio lançado pelo primeiro-ministro, que assumiu suspender a sessão se o PS dissesse que informações quer e em que prazo, repetindo: “Peço, apelo: retire a moção de confiança”.
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