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Oferta de Residências Sénior apenas satisfaz 4% das necessidades em Portugal

Em dezembro do ano passado apenas 11% das residências em Portugal tinham vagas disponíveis para receber novos utentes e as taxas de ocupação de 100% é transversal a mais de 67% das unidades. Isto num país que é o terceiro mais envelhecido da União Europeia.
18 Março 2025, 07h01

Segundo o inquérito realizado pela Via Sénior e pela BA&N Research Unit, que abrange 2.700 infraestruturas que representam mais de 105 mil camas, a oferta de Residências Sénior apenas satisfaz 4% das necessidades em Portugal. Isto num país que é o terceiro mais envelhecido da União Europeia.

Em dezembro do ano passado apenas 11% das residências tinham vagas disponíveis para receber novos utentes e as taxas de ocupação de 100% é transversal a mais de 67% das unidades.

Este cenário – apesar do aumento generalizado dos preços que, neste momento, se situam entre os 1.315 e os 1.675 euros (preços médios mensais), sendo Portugal um dos países mais envelhecidos da União Europeia – tenderá a agravar-se nos próximos anos colocando o setor sob forte pressão que já atualmente se revela incapaz de responder ao aumento da procura resultante do evolução demográfica e crescente esperança média de vida, destaca o estudo que é o único que analisa e retrata o sector das residências sénior em Portugal.

Os dados recolhidos no inquérito permitem concluir que o número de camas em residências sénior em Portugal está muito aquém das necessidades, pois em dezembro de 2024 cerca de 70% das instituições apresentavam taxas de ocupação de 100%; 22,2% tinham taxas de ocupação entre os 91% e os 99% e apenas 11,1% reportaram vagas, com a generalidade da ocupação a situar-se nos 80%.

Considerando os cerca de 2,5 milhões de residentes em Portugal com mais de 65 anos, a cobertura é pouco superior a 4%, subindo para 8,7% se considerarmos a população idosa com mais de 75 anos, segundo os resultados do 3º Retrato de Residências Sénior em Portugal.

Os elevados níveis de ocupação refletem-se nas listas de espera que, em 2024, mantêm a tendência crescente verificada no ano anterior com mais de 69% das instituições a sinalizarem tempos de espera para novas admissões, ainda de acordo com a mesma fonte.

“A pressão da procura reflete-se num aumento generalizado dos preços com mais de 25% das residências a reportarem subidas superiores a 5%. O preço médio ponderado de alojamento em quarto individual ronda os 1.675 euros, enquanto um quarto duplo custa 1.375 euros e um triplo 1.315 euros”, refere o estudo que explica que “incapaz de responder ao aumento da procura devido à evolução demográfica e à crescente esperança média de vida, o setor continua sob forte pressão com os valores de alojamento a refletirem também os investimentos associados à melhoria dos serviços prestados aos idosos”. Entre os serviços mais comuns estão o acompanhamento de enfermagem (disponível em todas as unidades), médico (disponível em 80% das unidades uma vez por semana, em 11% duas a três vezes por semana e em 4% em permanência), fisioterapia (73,6% com serviços individuais), nutricionista (disponível em 20,8% das unidades), apoio psicológico (disponível em 30%) e terapias ocupacionais (disponível 35% das residências).

“Com o incremento de serviços diariamente prestados os investimentos associados à melhoria e diversificação manter-se-ão durante o presente ano tendo cerca de 25% das residências afirmado ter necessidade de contratar mais colaboradores a curto prazo”, segundo o estudo.

Analisando o perfil etário dos utentes verifica-se que o grupo mais representativo é das pessoas com 86 ou mais anos (58%) seguido do grupo entre 65 e 80 anos (11%). “O aumento da esperança média de vida e as preocupações associadas à promoção do bem-estar dos idosos ganha assim relevância e, em 2024, cerca de 68% das residências reportou a existência de cabeleireiro, 62% jardim, 36% capela, 20.8% ginásio e 7% piscina”, acrescenta o estudo.

‘A ausência de estudos sobre o setor das Residências Sénior em Portugal revela a necessidade urgente de uma discussão informada e baseada em dados concretos. Com esta iniciativa, a Via Sénior reafirma o seu compromisso em promover um maior conhecimento sobre as condições, necessidades e evolução do setor, contribuindo para uma melhor compreensão e resposta aos desafios do envelhecimento e dos serviços prestados à população sénior’ defende Nuno Saraiva da Ponte, CEO da Via Sénior.

A população europeia continua a envelhecer a um ritmo acelerado. Segundo os dados do Eurostat em janeiro de 2025 mais de um quinto da população europeia (21,6%) tinham 65 anos ou mais, sendo qye Portugal ocupa o terceiro lugar no ranking da União Europeia em termos da proporção de pessoas com mais de 80 anos, apenas atrás de Itália e Alemanha.

A idade média da população europeia tem vindo a aumentar de forma consistente, registando um acréscimo de quatro anos entre 2014 e 2024. Portugal e Itália destacam-se como os países com maior crescimento deste indicador, com Portugal a passar de uma idade média de 43,1 anos (em 2014) para 47,1 anos (em 2024). Atualmente, a idade média no continente europeu é de 44,7 anos.

As projeções do Eurostat apontam para que até 2050, mais de dois terços dos Estados Membros tenham uma taxa de dependência de idosos superior a 50%.

 

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