[weglot_switcher]

Europeus evitam EUA (por causa de Trump) e ameaçam rotas aéreas mais lucrativas do mundo

Tensão política e económica mas também o temor face à hostilidade nas fronteiras, sobretudo desde que Donald Trump regressou à Casa Branca, está a afastar os turistas europeus (com os portugueses a seguirem a tendência) dos EUA. Quem perde são as companhias aéreas que fazem viagens transatlânticas, as mais rentáveis do mundo.
13 Abril 2025, 10h34

Os turistas europeus (com os portugueses a acompanharem esta tendência) estão a evitar viagens aos EUA e de acordo com os números revelados pelo “Financial Times” este sábado, a escolha deste destino tem sofrido uma diminuição drástica atribuída à “tensão política e económica” mas também ao “temor face à hostilidade nas suas fronteiras”, sobretudo desde que Donald Trump regressou à Casa Branca.

Para os analistas consultados pelo reputado jornal de economia, esta é uma situação que deverá ameaçar as rotas aéreas mais lucrativas do mundo. Vamos a números: dizem as estatísticas que os turistas da Europa Ocidental que pernoitaram pelo menos uma noite nos EUA diminuíram 17% em março face ao ano anterior. Os dados foram fornecidos pela Administração de Comércio Internacional do Governo norte-americano (ITA, na sigla em inglês).

No primeiro trimestre deste ano, o número de visitantes da UE que escolheram os Estados Unidos como destino de viagens desceu 7,8% face ao período homólogo, a maior queda desde 2009 se não tivermos em conta o período da pandemia. Portugal não escapou a esta queda no primeiro trimestre com uma queda homóloga de 4,4%: foram 41 mil aqueles que visitaram os EUA nos primeiros três meses de 2024 e nos primeiros três meses ano, superaram por pouco os 39 mil.

De acordo com os números fornecidos, as viagens a partir de países como a Irlanda, Noruega e Alemanha diminuíram mais de 20% no mesmo período.

As visitas de estrangeiros aos Estados Unidos caíram 11,6% em março, número impulsionado em grande parte pela redução de turistas europeus, incluindo um decréscimo de 18,6% de portugueses, segundo dados da Administração do Comércio Internacional dos EUA.

No segundo mês completo do novo mandato de Donald Trump, foram registados 2,4 milhões de visitantes aos Estados Unidos, uma quebra de 11,6% face a março de 2024.

Turismo pesa 2,5% do PIB dos EUA

Destacam os analistas que esta tendência constitui uma ameaça para a indústria de turismo norte-americana, um sector que assume 2,5% do PIB dos EUA. Algumas companhias aéreas e grupos hoteleiros advertiram a propósito da diminuição da procura de viagens transatlânticas e da má reputação associada às visitas aos EUA.

Assim, o número total de visitantes estrangeiros que viajaram para os EUA diminuiu 12% em março, em comparação com o mesmo período do ano passado, a queda mais acentuada desde março de 2021, altura em que o sector turístico cambaleava devido às restrições da pandemia, segundo dados da ITA.

“Em apenas dois meses, (Trump) destruiu a reputação dos EUA, como se demonstra pela diminuição das viagens desde a UE”, destacou Paul English, cofundador do site de viagens Kayak. “Este não é apenas outro golpe terrível para a economia norte-americana, mas também representa um dano na reputação que poderá levar várias gerações a reparar”.

Nota para o facto das rotas transatlânticas serem as mais rentáveis do mundo, sendo que as companhias aéreas estavam a sentir uma crescente procura relativamente a estes voos desde a pandemia, com especial predominância para uma maior apetência para os lugares em primeira classe. A Virgin já advertiu que se sente uma “leve desaceleração” da procura por estes voos e a Air France-KLM também foi obrigada a cortar as tarifas transatlânticas face a uma “ligeira debilidade do mercado”

A queda no número de turistas internacionais aos EUA, e o possível impacto económico que a mesma acarreta, pode estar relacionada com uma política fronteiriça mais agressiva a partir do Governo de Donald Trump.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.