As sondagens têm apresentado resultados variados para as eleições legislativas, com a Aliança Democrática (AD) – uma coligação entre o PSD e o CDS – a liderar em algumas, enquanto noutras se regista um empate técnico com o PS. Os politólogos consultados pelo Jornal Económico destacam que a coligação aparece à frente, mas sem conseguir uma maioria absoluta, e que o empate técnico pode colocar os partidos menores em desvantagem.
“Aparentemente, a AD está em vantagem, mas existem sondagens que indicam uma possível aproximação do PS”, afirma o especialista José Palmeira.
A 28 de março, a Aliança Democrática (PSD/CDS) liderava com 26,5% dos votos dos portugueses. De acordo com o barómetro da Intercampus para o Negócios/CMTV, realizado já com o Parlamento dissolvido, os eleitores penalizam o PS, que agora reúne 23,1% das preferências (em comparação com os 24,7% da sondagem anterior), e castigam ainda mais o Chega, que caiu de 16,4% para 12,3% nas intenções de voto.
Por sua vez, a 1 de abril, uma sondagem da Pitagórica atribuía a vitória à coligação que une o PSD e o CDS nas eleições de 18 de maio, desta vez com uma maior solidez, reunindo 34,4% das intenções de voto. A terceira força política mais votada nas eleições anteriores, o Chega, mantém-se nesse lugar, alcançando nesta sondagem da Pitagórica 14,9% dos votos. Se as eleições fossem hoje, a Iniciativa Liberal teria 6% da votação, seguida pelo Livre, que conquistaria 5,5% dos votos, partidos que várias sondagens têm mostrado em crescimento.
Segundo o politólogo Hugo Ferrinho Lopes, “o que as sondagens revelam até agora é, principalmente, que a configuração parlamentar atual é muito semelhante aos resultados obtidos pelos partidos no ano passado: AD e PS em empate técnico, com o Chega destacado como terceira força política, mas ainda distante dos dois primeiros, e os partidos menores dentro da margem de erro uns dos outros”.
José Palmeira acrescenta que “é importante perceber que, tanto no contexto europeu como mundial, há uma viragem à direita dos eleitores e, portanto, à priori, isso deve beneficiar o Partido Socialista se o seu candidato se apresentar como mais moderado, mais virado para o centro e menos à esquerda”.
Por outro lado, o PS surge à frente da Aliança Democrática nas intenções de voto do barómetro de abril da Intercampus, para o Jornal de Negócios, Correio da Manhã e CMTV. O mesmo acontece na sondagem da Aximage para o Diário de Notícias. No entanto, em ambos os casos, a diferença entre os socialistas e os social-democratas não é suficiente para ultrapassar a barreira do empate técnico.
Quanto aos partidos menores, Patrícia Calca destaca que “estão numa luta, com exceção do Livre, e essa disputa por um espaço político muito concreto pode ser mais difícil nestas eleições se a população considerar que é preferível ter estabilidade, o que poderá levar os eleitores a dividirem-se entre os grandes partidos”.
Alinhando-se com Patrícia Calca, José Palmeira afirma que “uma coisa é certa: as sondagens influenciam os eleitores, especialmente aqueles que não são nem do PS, nem do PSD. Os eleitores à esquerda do PS, quando começam a ver que existe um empate nas sondagens, podem ser levados a votar no PS”.
“O mesmo se aplica à direita. Os eleitores da Iniciativa Liberal e do Chega podem ser motivados a apoiar a AD. Os grandes prejudicados com estas sondagens são, portanto, os partidos à esquerda e à direita”.
Para Hugo Ferrinho Lopes, “se a fotografia atual corresponder ao resultado real das eleições, a configuração parlamentar não seria muito diferente da que temos hoje: nenhum partido ou coligação conseguiria obter a maioria absoluta”.
“À esquerda, PS, BE, CDU, Livre e PAN não seriam suficientes para ultrapassar os 50% dos mandatos. À direita, excluindo o Chega, PSD, CDS-PP e IL também estão longe da maioria absoluta. Embora ainda seja incerto quem será o “vencedor”, parece muito provável que o próximo governo seja minoritário, enfrentando a necessidade de fazer concessões para garantir a aprovação do seu programa e da proposta para o Presidente da Assembleia da República”, conclui Hugo Ferrinho Lopes.
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