O Reino Unido, Canadá e França emitiram esta segunda-feira um comunicado conjunto a condenar nova ofensiva militar israelita em Gaza, falando em “ações concretas” contra o seu aliado histórico. Este é mais um sinal de descontentamento com a retoma das ações ofensivas pelo exército israelita em Gaza, onde sexta-feira iniciou nova operação com o objetivo assumido de expulsar todos os palestinianos do enclave e assumir o seu controlo pleno.
Em comunicado conjunto, os três países criticaram o bloqueio israelita que tem impedido a entrada de ajuda humanitária desesperadamente necessária para a população civil palestiniana, que, alertam inúmeros especialistas, está à beira de uma fome generalizada e causada propositadamente. Para os governos britânico, francês e canadiano, o governo de Netanyahu “arrisca violar a lei internacional humanitária com estas ações”.
Israel tem bloqueado a entrada de qualquer material médico, alimentos e combustíveis no enclave há mais de 60 dias, tendo anunciado na segunda-feira que iria permitir a entrada de alguns camiões humanitários. Segundo o chefe da ONU para as operações humanitárias, as forças israelitas deixaram entrar nove camiões durante o dia, “uma gota no oceano” considerando os 500 camiões que entravam no enclave antes da guerra que rebentou a 7 de outubro.
O governo de Netanyahu (que não submeteu a decisão de deixar entrar alguma ajuda humanitária à coligação que o sustenta, dadas as palavras hostis dos membros mais ortodoxos e ultraconservadores, que se opõem veementemente à entrada de quaisquer mantimentos para a população de Gaza) avançou sexta-feira com a “Operação Carruagens de Gideon”, em que prometeu expulsar os habitantes do enclave e retomar o controlo total de Gaza.
Perante estas ameaças, os líderes dos três países que assinaram o comunicado conjunto garantem que não ficarão “a assistir” enquanto Israel avança com as suas “ações flagrantes” na expulsão da população local, destacando a “linguagem repugnante” com que membros do governo israelita, como o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, se tem referido ao enclave.
“Sempre apoiámos o direito de Israel se defender contra o terrorismo. Mas esta escalada é desproporcional”, lê-se no comunicado conjunto de três dos maiores aliados diplomáticos e, no caso do Reino Unido e do Canadá, fornecedores de material militar a Telavive.
Os três países dizem apoiar os esforços diplomáticos dos EUA, Qatar e Egito na promoção de um entendimento entre as partes que leve a um cessar-fogo e à libertação de reféns, frisando que a solução passa por dois Estados e garantindo a sua intenção de reconhecer a Palestina como um Estado soberano. Recorde-se que nenhum destes três países reconhece atualmente o Estado palestiniano.
Em resposta, Netanyahu acusou estes governos de estarem a dar “um enorme prémio” ao Hamas, reforçando a garantia de que irá “destruir” o grupo armado palestiniano.
Entretanto, os ataques israelitas no enclave mataram pelo menos 73 pessoas desde a meia-noite, incluindo crianças. Estas vítimas juntam-se às mais de 500 mortas na última semana, uma das mais mortíferas desde o início da guerra, de acordo com os números do Ministério da Saúde local.
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