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BCE: ‘Falcão’ austríaco não quer cortes de juros até pelo menos setembro

Robert Holzmann, um dos membros mais agressivos do conselho de política monetária europeia, defende que novas descidas seriam mexidas “sem efeito” na economia real, isto numa altura em que as perspectivas económicas europeias se voltam a deteriorar com a guerra comercial imposta pelos EUA.
inflação
REUTERS/Lisa Leutner/Files
27 Maio 2025, 15h49

O Banco Central Europeu (BCE) deve manter os juros inalterados até pelo menos setembro, defende o governador do banco central austríaco, face à incerteza criada pela guerra tarifária entre a UE e os EUA e ao efeito nulo sobre o crescimento que novos cortes teriam.

Robert Holzmann, um dos membros mais hawkish do conselho de política monetária europeia, afirmou ao ‘Financial Times’ não ver motivos para voltar a baixar as taxas de referência nas reuniões de junho e julho, classificando tal decisão como “arriscada”. O governador austríaco projeta que seriam mexidas “sem efeito” na economia real, isto numa altura em que as perspectivas económicas europeias se voltam a deteriorar com a guerra comercial imposta pelos EUA.

Para Holzmann, as grandes decisões económicas no bloco europeu estão a ser condicionadas pela incerteza, não pela postura monetária. “As pessoas querem esperar”, argumentou, pelo que uma descida dos juros não estimularia a atividade de forma significativa.

Simultaneamente, o governador austríaco lembra que “as estimativas recentes” da taxa neutra na zona euro – o nível de juros que não estimula nem arrefece a economia – subiu assinalavelmente no último ano, pelo que “já estamos pelo menos num nível neutro”. A taxa de referência para o bloco europeu está atualmente em 2,25% depois de sete cortes desde o pico de 4,5%.

Para a reunião de junho, o mercado atribui atualmente uma probabilidade em torno de 90% a nova descida de 25 pontos.

As minutas da reunião do BCE em abril mostram alguma preocupação entre os responsáveis pela política monetária com os efeitos de longo prazo da política comercial norte-americana na inflação, temendo um ambiente de maior pressão estrutural devido a perturbações acrescidas nas cadeias de valor globais.

Desde essa reunião, os EUA e a China suspenderam a escalada de tarifas recíprocas acima de 100% (valores que, segundo a esmagadora maioria dos economistas, equivalem a um embargo de facto de cada país ao outro), mas Trump voltou as suas atenções novamente para a Europa.

Os bens europeus poderão passar a pagar 50% de tarifa, segundo o presidente, dada a dificuldade em negociar com os líderes europeus. A UE tem até dia 9 de junho, uma extensão em relação ao prazo inicial colocado em dia 1, para chegar a acordo com Washington e evitar esta medida protecionista.

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