Os dados macroeconómicos da Alemanha em abril confirmam o que os analistas já tinham antecipado: o impulso no primeiro trimestre devido ao efeito de antecipação das tarifas dos Estados Unidos ia terminar e a da realidade mostraria que o novo contexto comercial haveria de ser muito prejudicial para a Europa em geral e para a Alemanha em particular. A visita do chanceler Friedrich Merz a Washington, esta semana, serviu também para aproximar posições que o germânico quer mais conciliatórias, mas que não se sabe se o norte-americano aceitará.
A aparente recuperação de uma indústria atingida por uma profunda crise existencial e de exportação deveu-se a uma tentativa de contornar as novas tarifas decretadas pela Casa Branca. No entanto, todos sabiam que era uma mera questão de tempo até a diminuição das exportações para os Estados Unidos baterem à porta da Alemanha com estrondo.
Tudo fica mais claro esta sexta-feira, com os dados publicados pelo Destatis, o órgão federal de estatística alemão. A queda mensal de 1,4% na produção industrial da Alemanha em abril foi pior do que o esperado (que era de menos 1%) e o resultado de março também foi revisto em baixa /menos 0,7 pontos). Em abril, os dados indicam que a produção caiu na maioria dos setores, em particular o farmacêutico (caiu 17,3%), revertendo quase completamente o aumento de 19,3% registado em março. A reversão dar-se-á por certo na economia como um todo: a antecipação das tarifas permitiu acrescentar 0,1 ponto percentuais ao PIB alemão no primeiro trimestre – mas esse efeito acabará por desaparecer. E já começou a acontecer em abril.
Os números de abril referentes ao comércio, também divulgados esta manhã, mostram uma queda de 1,7% em relação ao mês anterior, ao mesmo tempo que as exportações alemãs para os EUA encolheram 10,3%. “Os números da produção industrial alemã e das exportações de abril sugerem que o impulso à atividade proveniente da antecipação das tarifas pelos EUA já está a reverter e que a atividade industrial subjacente permanece fraca. Dado que as tarifas provavelmente continuarão a afetar a produção industrial e que as perspetivas da procura de bens industriais alemães são más, acreditamos que a produção permanecerá moderada este ano”, disse Franziska Palmas, economista da Capital Economics, citado pelo jornal espanhol ‘El Economista’.
A maioria das instituições internacionais e dos economistas prevê uma estagnação da Alemanha em 2025, o que marcaria um terceiro ano consecutivo sem crescimento – um ciclo sem precedentes na Alemanha. O presidente do Bundesbank, o banco central, Joachim Nagel, já havia alertado para que, após a antecipação das tarifas, a economia deveria enfraquecer ao longo do resto do ano.
A Alemanha é particularmente vulnerável às tarifas comerciais dos EUA e ainda sofre o impacto do fraco crescimento global e de problemas de longa data, como o envelhecimento da força de trabalho e a burocracia excessiva. Embora haja otimismo com o grande pacote de estímulo fiscal desenhado pelo novo governo, o seu efeito deve ser mais tardio e a incerteza é de curto prazo.
Para a combater, Merz está na Alemanha e as notícias que de lá emanam é que os encontros com Donald Trump correram bem.
O chanceler alemão encontrou-se com o presidente Trump na Casa Branca, na tarde de quinta-feira. Os três temas mais importantes da reunião entre os dois países foram as despesas com a defesa, os direitos aduaneiros e a Ucrânia. De acordo com uma declaração à imprensa divulgada pelo chanceler pouco antes da reunião, a Alemanha estava bem preparada para o encontro.
O presidente alemão também ofereceu a Trump um “pequeno presente que o faz lembrar a sua família”, a certidão de nascimento do avô de Trump, que nasceu no sudoeste da Alemanha em 1869. Um imigrante.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com