Com o negócio nos Estados Unidos a ser fortemente afetado pelas tarifas, a Temu e a Shein procuram novos mercados. “À medida que as pressões regulatórias e comerciais se intensificam nos EUA, a Temu e a Shein voltaram-se cada vez mais para a Europa e o Reino Unido como mercados de crescimento”, afirmou Anand Kumar, diretor associado de pesquisa da Coresight Research, à CNBC.
De acordo com os dados da consultora Consumer Edge, os gastos do consumidor da Temu no mercado norte-americano caíram cerca de 36% em maio em comparação com o ano anterior, enquanto os da Shein diminuíram 13% no mesmo período. A maioria dos clientes transferiu os seus gastos para lojas de departamento tradicionais e retalhistas de moda.
Em sentido oposto, verificou-se um crescimento acentuado da Temu na União Europeia e no Reino Unido (63% e 38%, respetivamente). A Shein também teve um aumento nas vendas de 19% na UE e de 42% no Reino Unido no mesmo período. Além disso, estas plataformas aumentaram os seus gastos com publicidade na Europa, especialmente no Reino Unido, França e Alemanha.
“Essa expansão não é meramente oportunista — ela sinaliza uma mudança estratégica na forma como essas empresas visualizam a próxima fase de crescimento”, disse Anand Kumar, da Coresight Research, à CNBC.
No entanto, estes aplicativos fundados na China podem não ser bem recebidos nestes mercados europeus. Nas últimas semanas, foram registadas queixas contra a Temu e a Shein na UE, acusando-as de táticas comerciais desonestas. Isto numa altura em que a Comissão Europeia quer aplicar uma taxa fixa de dois euros a cada encomenda enviada diretamente para consumidores na União Europeia, uma medida que pode representar um duro golpe para estas plataformas de e-commerce de baixo custo.
Esta taxa pretende compensar os custos associados ao manuseamento e controlo aduaneiro dos cerca de 4,6 mil milhões de artigos que entram anualmente no mercado europeu — mais de 90% oriundos da China.
Recorde-se que o Governo dos Estados Unidos eliminou a isenção de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China, como as enviadas pelos gigantes do comércio eletrónico Shein e Temu. A decisão vem no seguimento de uma ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano Donald Trump, a 2 de abril, que põe fim à isenção para encomendas no valor máximo de 800 dólares (regra conhecida como de minimis).
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