Convenceu todos os países (menos um) a gastar 5% do produto em defesa, impôs que uma grande parte desses gastos fossem processados em material construído nos EUA, impediu a presença do seu homólogo ucraniano e ‘despachou’ os trabalhos em tempo recorde.
A cimeira da NATO realizada em Haia, cidade natal do secretário-geral da organização, foi feita sob um rigoroso figurino enviado a partir da Casa Branca – e se não fosse a ‘peripécia’ de Espanha, teria corrido sem quaisquer falhas, como agrada ao presidente americano, Donald Trump.
Fechados os trabalhos, cada chefe de Estado e de governo tem agora a tarefa – em alguns casos com certeza árdua – de convencer os nacionais da bondade, da justeza e da emergência do que foi aprovado em Haia. O ponto principal é o eventual desarranjo orçamental que o plano de Trump, disfarçado, no caso dos Estados-membros que também o são da União Europeia, por medidas que permitem aumentar dívida pública sem afetar os parâmetros que medem os défices excessivos.
É fácil perceber que uma parte do eleitorado está convencida que a despesa em defesa não conta – como se a dívida contraída por essa via viesse a desaparecer como se nunca tivesse existido.
Ora, os analistas do Banco de Portugal parece não fazerem parte desse eleitorado. E editaram uma análise que diz que “o aumento da despesa em defesa num Estado-membro, mantendo inalteradas as restantes variáveis, “implica inevitavelmente uma deterioração da sua posição orçamental, refletindo-se no défice e na dívida pública, mesmo que seja acionada a cláusula de escape para evitar o incumprimento das regras europeias”.
Em termos dos impactos orçamentais, são de salientar: “o impacto direto, decorrente do montante da despesa realizada; e o acréscimo dos encargos com juros, resultante do aumento da emissão de dívida pública”. A utilização do Security Action for Europe (SAFE) poderá atenuar este efeito, na medida em que os empréstimos concedidos pela UE poderão apresentar condições de financiamento mais vantajosas do que as disponíveis para os países no mercado, ressalva o banco central.
Mas há outro problema: o das gerações futuras. O banco salienta o impacto das “pressões orçamentais futuras decorrentes de encargos permanentes com a manutenção, operação e atualização dos equipamentos adquiridos, bem como dos custos associados à eventual contratação de mais efetivos militares, cuja despesa tende a ser duradoura e difícil de reverter.
Edição do Jornal Económico de 27 de junho
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