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TAP no radar nos EUA, América Latina e Arábias

Governo já recebeu manifestações de interesse na privatização da TAP, incluindo de fundos de investimento, ainda antes de serem conhecidos os destalhes do processo de venda.
TAP
11 Julho 2025, 06h35

As propostas de interesse sobre a privatização da TAP já chegaram de três continentes: Europa, América e Ásia. Nos últimos meses, companhias aéreas dos EUA, América Latina e Médio Oriente fizeram chegar ao Governo as suas manifestações de interesse. No caso dos EUA e do Médio Oriente, também chegou o interesse por parte de fundos de investimento, apurou o JE.

Ao interesse destes investidores de fora da União Europeia, junta-se o já público interesse de 3 grandes companhias aéreas europeias: Air France-KLM, Lufthansa e IAG (dona da British Airways e da Iberia).

Recorde-se que o gestor português Carlos Tavares, ex-líder da Stellantis, tem mostrado publicamente o seu interesse na TAP. Nos últimos meses, já defendeu um pacto lusitano, isto é, entre acionistas portugueses para entrarem no capital da TAP, defendendo também que a venda a uma companhia aérea rival deve ficar limitada a 20% do capital da empresa.

A manutenção de Lisboa como o centro estratégico da TAP é uma das linhas vermelhas que o Governo traçou.

“Um objetivo que queremos salvaguardar é o hub de Lisboa, aproveitamento de todas as infraestruturas aeroportuárias do país”, incluindo o futuro aeroporto de Lisboa e os atuais de Lisboa, Porto e Faro, disse o primeiro-ministro Luís Montenegro na quinta-feira.

Como critérios de admissão, o Governo estipulou que os interessados terão de demonstrar a sua “idoneidade, autonomia e robustez financeira”, sendo admitidas apenas “transportadoras aéreas de dimensão relevante ou consórcio liderado por uma”, mas que integre apenas parceiros do setor, uma regra que fecha a porta aos fundos.

Na sua apresentação ao público na quinta-feira, o Governo apontou que TAP não consegue aguentar sozinha face aos gigantes europeus do setor. A Lufthansa transportou 131 milhões de passageiros em 2024 nos seus 735 aviões. Segue-se a IAG com 122 milhões de passgeiros e 686 aviões e a Air France-KLM com 98 milhões de passageiros e 564 aviões. Segue-se a Turkish Airlines com 85 milhões e 492 aviões. Saindo da Liga dos Campeões da aviação, entra-se na Liga Europa: a SAS conta com 25 milhões de passageiros e 133 aviões; a Norwegian transportou 23 milhões de passageiros com 135 aviões; a Aegean, 16 milhões com 82 aviões; a TAP com 16 milhões e 99 aviões; a Finnair com 12 milhões e 70 aviões e a LOT com 11 milhões e 86 aviões.

Entre os critérios estratégicos para a compra, o executivo vai dar primaria à “qualidade do plano industrial e estratégico de longo prazo” que contemple o “crescimento da frota e o plano de desenvolvimento no Aeroporto Luís de Camões”.

Mas há mais, como o desenvolvimento de outras áreas críticas, incluindo o investimento no aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto e nos restantes aeroportos nacionais, mas também a aposta nos combustíveis sustentáveis para a aviação, assim como a importante operação de manutenção e engenharia. Por outro lado, o vencedor deverá ter já “visão” para uma segunda fase de privatização, mas que será feita num processo autónomo, que também vai incluir um plano industrial e outro de valorização. Nos critérios financeiros, o encaixe será imediato, sendo contempladas ouras formas de valorização, incluindo bónus por performance, valorização futura das ações remanescentes, dividendos e trocas de ações.

Questionado sobre as avaliações da EY e da Finantia à TAP, o ministro das Finanças rejeitou revelar quais os valores em causa.

“Não vamos revelar informação que é sensível e que prejudicaria a posição negocial do Estado”, disse Joaquim Miranda Sarmento no briefing do Conselho de Ministros na quinta-feira. O governante adiantou que “quando as empresas apresentarem as propostas terão conhecimento” das “avaliações que o Governo tem do valor da empresa. Divulgar antes é pôr o Estado numa posição de fragilidade negocial e prejudicar aquilo que são os interesses dos contribuintes”.

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