A Confederação Europeia de Sindicatos (ETUC, em inglês) apelou hoje à UE para tomar medidas “decisivas e imediatas” para proteger os postos de trabalho e a produção na Europa, depois da ameaça de tarifas de 30% pelos EUA.
Em comunicado, a confederação sindical que representa 45 milhões de afiliados de 93 organizações sindicais de 41 países, aponta que a ameaça de tarifas americanas ainda mais elevada sobre todas as exportações “deve ser considerada uma situação de emergência” pelas instituições da UE.
A confederação sindical recordou a análise do Instituto Sindical Europeu, que refere que as tarifas de 20% aplicadas sobre todos os produtos colocariam em risco 700.000 postos de trabalho na UE, isto sem incluir as tarifas mais elevadas aplicadas às indústrias automóvel, do aço e do alumínio.
“A ETUC insta a Comissão Europeia a intervir urgentemente com medidas concreta e com visão de futuro para salvaguardar o emprego e os rendimentos”, refere.
A confederação mostrou-se disponível para trabalhar com as instituições europeias, governos e empregadores para desenhar uma estratégia industrial resiliente e inclusiva e “que beneficie todos os europeus”.
Entre as medidas propostas estão mecanismos de resposta à crise para apoiar empresas e trabalhadores, como uma SURE 2.0, ou a suspensão das regras de governação económica da UE, para que os Estados possam adotar políticas económicas que defendam as capacidades industriais e produtivas essenciais.
Também o reforço da procura interna da UE, em particular com o aumento dos salários e da promoção da negociação coletiva ou a preparação de medidas para controlo de especulação e limite de aumento dos produtos básicos estão entre as medidas propostas.
A ETUC sugere ainda que o Banco Central Europeu (BCE) deve evitar aumentar as taxas de juro para responder a aumentos de preços causados pelo aumento das tarifas, mas sim reduzi-las.
Citada no documento, a secretária-geral da ETUC, Esther Lynch, defendeu que “não se pode obrigar os trabalhadores europeus a pagar o preço das disputas comerciais globais”.
“É fundamental que a UE tome ações imediatas para dar uma resposta industrial forte e coordenada e ferramentas que protejam os postos de trabalho e a produção na Europa”, apontou.
“A UE não deve deixar-se intimidar, mas deve afirmar a sua autonomia, defender as suas regras e normas e defender os trabalhadores europeus”, sublinhou a responsável.
No sábado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai impor tarifas de 30% sobre produtos da UE a partir de 01 de agosto, numa carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Reagindo a tal anúncio, a líder do executivo comunitário afirmou que Bruxelas continua disposta a negociar com os EUA para chegar a um acordo antes de 01 de agosto.
Donald Trump justificou a decisão com o excedente comercial da UE com os Estados Unidos, que atingiu 50 mil milhões de euros em 2024.
As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios do Presidente Donald Trump de imposição de taxas à UE, que começaram por ser de 25% para o aço, passando a 50% em junho, o alumínio e os automóveis europeus, tendo sido depois impostas tarifas recíprocas ao bloco comunitário, suspensas e agora fixadas em 30% após um período de negociações.
A UE e os Estados Unidos têm o maior volume de comércio entre parceiros, de 1,68 biliões de euros, com o bloco europeu a registar um excedente nas trocas de bens de 198 mil milhões de euros e um défice de 148 mil milhões de euros na de serviços.
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