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Irão acusa EUA e Israel de darem “golpe grave” na confiança internacional

Numa intervenção no debate geral da 80.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que hoje prossegue em Nova Iorque, Masoud Pezeshkian falou pela primeira vez num fórum internacional desde a guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, em junho, que resultou “no assassínio de vários dos mais altos responsáveis políticos e militares” do regime de Teerão, segundo as palavras do chefe de Estado iraniano, entre as mais de 1.000 mortes registadas.
24 Setembro 2025, 16h53

O Presidente do Irão defendeu hoje que os ataques dos Estados Unidos e de Israel perpetrados contra território iraniano em junho passado deram “um golpe grave na confiança internacional” e “na própria perspetiva de paz na região”.

Numa intervenção no debate geral da 80.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que hoje prossegue em Nova Iorque, Masoud Pezeshkian falou pela primeira vez num fórum internacional desde a guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, em junho, que resultou “no assassínio de vários dos mais altos responsáveis políticos e militares” do regime de Teerão, segundo as palavras do chefe de Estado iraniano, entre as mais de 1.000 mortes registadas.

“Esta agressão descarada, além de causar a morte de vários comandantes, cidadãos, crianças, mulheres, cientistas e elites académicas no meu país, infligiu um duro golpe à confiança internacional e às perspetivas de paz na região”, afirmou.

Pezeshkian acrescentou que esses ataques, que incluíram bombardeamentos a instalações nucleares, foram realizados enquanto Teerão e Washington negociavam o programa nuclear iraniano, representando “uma grave traição à diplomacia”.

O Presidente iraniano reiterou que Teerão “nunca procurou nem procurará” obter armas nucleares, rejeitando as acusações ocidentais nesse sentido, numa altura em que se intensifica a pressão internacional sobre o programa nuclear do país.

“Declaro aqui, mais uma vez, perante esta Assembleia, que o Irão nunca procurou e nunca procurará construir uma bomba atómica. Não queremos armas nucleares”, reiterou.

O Presidente iraniano está em Nova Iorque numa altura em que o Irão enfrenta o risco de novas e duras sanções da ONU caso não chegue a um acordo com os líderes europeus até sábado.

Mas, antes mesmo da chegada a Nova Iorque, os esforços diplomáticos do Presidente e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, ficaram ensombrados pela recusa do líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, em aceitar qualquer negociação nuclear direta com os Estados Unidos (EUA).

Ainda na intervenção na Assembleia-Geral da ONU, o Presidente iraniano criticou os esforços do Reino Unido, Alemanha e França para acionarem o chamado mecanismo de “retorno automático” (‘snapback’) com vista à reposição de sanções – salvo um acordo de última hora – devido ao alegado incumprimento por parte do Irão das condições do acordo nuclear de 2015, que visa impedir Teerão de desenvolver armas nucleares.

O chefe de Estado iraniano afirmou que os três países – conhecidos como E3 – atuaram durante anos de “má-fé” para impor ao Irão o cumprimento de um acordo que os Estados Unidos abandonaram em 2018.

“Apresentaram-se falsamente como partes de boa-fé no entendimento e desvalorizaram os esforços sinceros do Irão como insuficientes”, acusou.

Sobre o conflito entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas, Pezeshkian defendeu que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, “já não se contenta com uma solução diplomática” para o conflito, estando “unicamente preocupado com uma guerra” que constitui “um genocídio”, tal a dimensão das vítimas palestinianas, que já superam os 65.000, na maioria civis, mulheres e crianças.

Pezeshkian criticou também os ataques ao Iémen, Síria, Líbano e Qatar.


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