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Ramos Horta culpa administração Biden pelo “genocídio” de Gaza

Ramos Horta, que ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1996, disse, em Braga, onde recebeu hoje o doutoramento honoris causa da Universidade do Minho, esperar que o atual Presidente dos EUA, Donald Trump, tenha “consciência e inteligência para ver que Israel está a arrastá-los todos para o lamaçal moral”.
7 Outubro 2025, 17h45

O Presidente da República de Timor-Leste, Ramos Horta, manifestou-se hoje “profundamente desiludido” com a atuação do anterior Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, face ao “genocídio” do povo palestiniano em Gaza.

Ramos Horta, que ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1996, disse, em Braga, onde recebeu hoje o doutoramento honoris causa da Universidade do Minho, esperar que o atual Presidente dos EUA, Donald Trump, tenha “consciência e inteligência para ver que Israel está a arrastá-los todos para o lamaçal moral”.

“Os EUA não é só Donald Trump. Isto começou com o Biden, foi na administração dele que houve o atentado de 07 de outubro do Hamas. Estou profundamente desiludido com o Biden e os democratas”, referiu.

Para Ramos Horta, não é correto “todos agora criticarem Donald Trump”.

“Não, isto começou com o senhor Biden. Espero que Donald Trump tenha consciência e inteligência para ver que Israel está a arrastá-los todos para o lamaçal moral”, vincou.

Ramos Horta confessou que vê o “genocídio” de Gaza com “angústia, desilusão e revolta”.

“Fico profundamente abalado ao assistir em direto ao genocídio premeditado ao povo palestino e ao silêncio ensurdecedor, à hipocrisia e à contínua provisão de armas aos perpetradores desta tragédia”, referiu.

O Presidente de Timor-Leste frisou a sua “profunda desilusão com o dito mundo ocidental democrático”.

“Levaram tantos anos para ter coragem de uma Espanha que, desde o início, perentoriamente, sem receio, declarou apoio ao Estado da Palestina”, criticou.

Aludiu a um “genocídio a acontecer minuto a minuto, hora a hora, em ‘live streaming’, com o mundo ocidental a assistir impávido e sereno”.

“Os ocidentais, que pregam muito a democracia, tiveram o desplante de ignorar, de encontrar desculpas para a ação de Israel”, disse ainda.

Também presente na sessão, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse sentir-se feliz “por ter sido protagonista no reconhecimento por Portugal do direito à existência do Estado palestiniano”.

“Uma realidade que demorou tanto tempo a poder ser objeto de reconhecimento na nossa pátria e noutras pátrias europeias”, admitiu Marcelo.

A Universidade do Minho atribuiu hoje o título de doutor honoris causa a Ramos-Horta pelo seu papel na defesa dos direitos humanos, da autodeterminação dos povos e na consolidação da paz e da democracia em Timor-Leste.

Marcelo referiu-se ao Presidente de Timor-Leste como um “génio racional”, dotado de uma “inteligência fulminante”.

“Este doutoramento é histórico, tanto pelo doutor como pelo povo que ele representa”, disse ainda.

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