José Manuel Durão Barroso, antigo presidente da Comissão Europeia, afirmou esta terça-feira que existe “todo um cluster económico ligado à longevidade que pode ser extremamente interessante” para a Europa. Em conversa com o Jornal Económico (JE) à margem do EuroAmericas Forum, que nesta 2.ª edição tem a longevidade e as oportunidades a ela associadas como tema de debate, o político português e chairman do evento organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa identifica “um campo imenso” de oportunidades, com a longevidade a dever ser encarada como “um recurso, um trunfo, e não uma dificuldade ou uma carga para as nossas sociedades”. Aponte-se, por exemplo, o crescimento claro – e esperado – do investimento do setor farmacêutico e do setor do apoio domiciliário a idosos.
“É um tema obviamente essencial hoje em dia, e não só para a Europa, mas para o mundo. Hoje em dia, o mundo, em média, está a ficar mais velho; a Europa mais pronunciadamente do que outros continentes. E há muita gente que pensa que a Europa está não só mais velha, mas também mais fraca, mais receosa do futuro e mais resistente à inovação”, analisou.
Para Durão Barroso, esta questão é “muito importante” de vários pontos de vista: médico e científico, vista social, cultural e de um ponto de vista de oportunidades. “O tema longevidade por si mesmo merece um grande estudo e exame. Está, aliás, a haver um crescente interesse do ponto de vista também académico e universitário”, disse ao JE.
Em Portugal, por exemplo, a esperança de vida ronda os 82 anos. E continua a aumentar. “Mas se a nossa reforma é muito mais cedo, há um período de vida importante que as pessoas podem aproveitar (se estiverem, obviamente, com condições de saúde), por exemplo, para estudar, e para trazer esse input da sua sabedoria, da sua experiência, compensando aquilo que é a juventude com o seu dinamismo”. Esta, por sua vez, terá “talvez maior curiosidade e maior capacidade de inovação”.
Durão Barroso trouxe à conversa o método de reverse mentoring“, adotado em várias empresas: “mentores mais velhos para os mais novos, mas mais novos para os mais velhos”. “A promoção destas interações intergeracionais são muito vantajosas para a sociedade. E o chamado grey power.
Portugal – e Itália – apresentam, na União Europeia (UE), a maior percentagem de pessoas idosas. “Um número a crescer cada vez mais. Mas a verdade é que é um mercado que está a crescer também”. “Não é por acaso que está a haver cada vez mais mais investimento em algum tipo de capítulo farmacêutico de doenças ligadas com o envelhecimento”. “E produtos, publicidade” direcionados somente para a essa faixa etária. “A verdade é que há aqui também um ponto de vista do mercado”, sublinhou.
E em Portugal? “De uma maneira geral, as pessoas são a favor do crescimento económico”. E sublinhou a importância do crescimento sustentável. “Tem de ser feito de maneira a não pôr a indústria europeia numa posição de falta de competitividade ou de pôr os custos maiores da adaptação nas classes mais pobres, que é o que muitas vezes acontece”, afirmou, recordando as restrições de circulação de determinados veículos impostas em zonas específicas de Lisboa,
“Portanto, temos que desenhar ou recalibrar as políticas de proteção do clima, de forma a não prejudicar a competitividade da nossa indústria e de forma também não pôr tanto peso nas classes mais desfavorecidas”.
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