A Liga Guineense dos Direitos Humanos considerou hoje “ato irracional a alegada tentativa de golpe” de Estado protagonizada na quarta-feira por militares e apelou às Forças Armadas a regressarem aos quartéis e permitir a retoma do processo eleitoral.
Em comunicado, enviado à Lusa, a Liga exorta ainda para que seja permitida a publicação dos resultados das eleições presidenciais e legislativas que deveriam ocorrer esta quinta-feira, em Bissau.
“Este ato irracional interrompe de forma abrupta um processo eleitoral ao longo do qual o povo guineense demonstrou, mais uma vez, a sua maturidade, serenidade e, acima de tudo, a sua vontade inequívoca de viver em paz e a sua fé na democracia como regime político ideal para o exercício do poder”, refere, no comunicado.
A Liga condena “de forma enérgica e sem reservas, o suposto golpe de Estado” e exige igualmente a libertação imediata e incondicional de dirigentes políticos e outros cidadãos detidos à mando dos militares.
A Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau também emitiu um comunicado sobre a situação no país para expressar o seu “veemente e categórico repudio” pela alteração da ordem constitucional, que, defende, entre outros, visa interromper o processo eleitoral.
A organização lamenta que a situação provocada pelas Forças Armadas esteja, “mais uma vez” a manchar a imagem e a credibilidade da Guiné-Bissau.
O Conselho Nacional de Juventude, estrutura afeta ao Governo e que coordena as várias organizações juvenis guineenses, também exige a libertação imediata e incondicional dos presos e ainda a continuidade do processo eleitoral.
Num comunicado a que a Lusa teve acesso nas redes sociais de guineenses, a plataforma juvenil apela ainda para que os militares desocupem as instalações da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em Bissau.
Igualmente através de um comunicado, os bispos católicos da Guiné-Bissau apelaram para a paz, respeito pela vida humana e à ordem constitucional, num momento considerado “delicado e importante” para o país.
No documento, os bispos expressam uma “palavra de paz e solidariedade” a toda a população e exortam as autoridades políticas e militares a agirem com “amor à pátria, espírito de sacrifício e respeito pelas normas democráticas”.
O general Horta Inta-A foi empossado hoje Presidente de transição da Guiné-Bissau, numa cerimónia que decorreu no Estado-Maior General das Forças Armadas guineense, um dia depois de os militares terem tomado o poder no país, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de novembro.
Os militares anunciaram a destituição do Presidente Umaro Sissoco Embaló, suspenderam o processo eleitoral, os órgãos de comunicação social e impuseram um recolher obrigatório.
As eleições, que decorreram sem registo de incidentes, realizaram-se sem a presença do principal partido da oposição, Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, excluídos da disputa e que declararam apoio ao candidato opositor Fernando Dias da Costa.
Simões Pereira foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
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