[weglot_switcher]

Espanha: guerra de nervos entre o PSOE e o Unidos Podemos

Mais um dia com os nervos à flor da pele sem que, até ao anoitecer, fosse possível concluir-se se, depois da votação de hoje, a Espanha vai ter um governo ou partir para uma penosa antecipação das eleições.
25 Julho 2019, 07h36

Em Espanha, estava tudo em aberto ao início da noite de ontem: o PSOE e o Unidos Podemos continuavam a não entender-se sobre um acordo anterior à votação de hoje para a investidura do próximo governo do país – e as esperanças de que tudo acabe bem, que cresceram na passada terça-feira, depois da primeira votação, esfriaram visivelmente.

O dia foi de tal forma intenso, que os relatos dos jornais espanhóis permitem concluir-se que nem o relato dos acontecimentos é um ponto de encontro entre os dois partidos: um dizia que as negociações continuavam, o outro desmentia essas declarações para afirmar que estavam bloqueadas, para pouco depois admitirem que afinal não era bem assim.

No meio desta imensa confusão, o que parece certo é que os dois partidos retomaram ontem o debate conjunto que havia sido suspenso no dia anterior e que, ainda de manhã, a nova ronda de negociação chegou a um ponto de bloqueio.

A questão era que o PSOE deixava de ter mais que oferecer ao Unidos Podemos, ao cabo das reuniões da manhã. Segundo a imprensa, Pedro Sánchez, líder do PSOE, terá chamado o seu homólogo do Podemos, Pablo Iglesias, para lhe confirmar que o seu partido não iria mais longe que aquilo a que chegara – sendo que não se sabe ao certo o que tudo isto quer dizer.

De acordo com o partido de Igrejas, citado por vários jornais, Sánchez “confirmou que não está disposto a oferecer lugares nem no Ministério do Trabalho, nem no das Finanças, nem no da Transição Ecológica, nem no da Igualdade” e terá dito que era esta a sua última palavra. O PSOE, que segundo os jornais perde sempre a batalha das declarações, não negou. E as negociações bloquearam.

Entretanto, os chefes das negociações pelo PSOE e pelo Podemos, respetivamente Carmen Calvo e Pablo Echenique desentendiam-se: a primeira exigia que o segundo respondesse se aceitava ou não a proposta mais recente, indicando que não haveria mais nenhuma, mas o Podemos não quis pronunciar-se.

Mas tudo isto foi de manhã. À tarde, a coisa animou: os contatos, desta vez por telefone, foram reiniciados, na tentativa de os dois partidos encontrarem uma saída para a crise. O Unidos Podemos afirma que a oferta da manhã é muito semelhante à anterior, já rejeitada e os socialistas insistem que o partido de Iglesias deve responder formalmente se a rejeitar, algo que, segundo o PSOE, ainda não ocorreu. Até ao final da tarde.

Perante este estado de coisas, é bem possível que ao nascer do dia de hoje, este relato dos acontecimentos já esteja completamente desatualizado – mas que uma enorme guerra de nervos teve lugar entre os dois partidos, de isso ninguém duvida, O problema é que qualquer previsão feita em cima de uma negociação em curso peca irremediavelmente por ter uma margem de erro demasiado alargada.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.