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Estágios no fisco a caminho do terceiro ano e sem prazo para acabar

O Ministério das Finanças não avança uma data para o fim do estágio dos 900 formandos que desde 2015 estão em “período experimental”. O representante dos inspetores fala em “inércia” da Autoridade Tributária e já endereçou várias queixas ao Provedor da Justiça.
Parpública ministério das Finanças
30 Janeiro 2017, 12h52

Os inspetores tributários estagiários estão há mais de dois anos em “período experimental” no fisco, quando de acordo com a lei o estágio deveria ser apenas de um ano até entrarem efetivamente na carreira. Os sucessivos atrasos estão a gerar desconforto e já foi apresentada queixa ao Provedor de Justiça.

Segundo o jornal Público, embora os 886 formandos estejam, na prática, a fazer trabalho de inspeção como se tivessem entrado na carreira, a data de fim de estágio vai sendo sucessivamente adiada.

Com isso, os inspetores tributários estagiários continuam a receber uma renumeração mais baixa do que a que deveriam de facto estar a receber. A isso vêm somam-se os problemas formais, já que os formandos “não têm poderes formais para agir como inspetores – tudo o que fazem pode ser contestado”, adverte Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI).

O provedor da Justiça, José Faria Lopes confirma ter recebido várias queixas em relação a este caso e fez saber que “o tratamento das queixas, nesta fase, envolveu diligências instrutórias informais, encontrando-se em apreciação”.

Questionado pelo Público, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, afirma que o período de um ano se refere apenas ao tempo “em que o trabalhador se encontra em fase de ‘aprendizagem’, objeto de avaliação quer dos seus conhecimentos (através da realização dos dois primeiros testes), quer do seu desempenho”. Depois disso, o formando deve realizar uma prova final que ateste os conhecimentos adquiridos.

Nuno Barroso, presidente da Associação dos Profissionais da Inspeção Tributária (APIT), contesta a decisão e diz que “o que a lei diz é um ano; não é dois e meio, nem três anos”. A APIT alega que os estagiários já realizaram todas as provas escritas, mas que ainda estão à espera dos resultados.

“Há 900 pessoas que estão dependentes de saber qual é o seu futuro profissional e precisam de tomar decisões sobre a sua vida. Nada disto é normal; nada disto faz sentido para quem está a tentar evoluir na sua carreira”, reclama Nuno Barroso, apontando o dedo à “inércia dos responsáveis”.

A Autoridade Tributária prevê que mais de 95% dos estagiários obtenham classificação positiva nas provas, mas a ocupação de postos de trabalho terá de ser feita de acordo com a “distribuição racional e proporcional dos efetivos e as necessidades dos serviços, em função do tecido socioeconómico nacional”.

Ao Público, Fernando Rocha Andrade não consegue avançar uma data para o fim do curso, dizendo apenas que o “tempo de execução está dependente do número e complexidade de alegações que venham a ser apresentadas pelos interessados à classificação final em sede de audiência prévia e, posteriormente, em sede de recurso hierárquico”.

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