Os investimentos públicos em formação profissional são, também, apoios às empresas, mas poucas admitem usar estes recursos, por causa da burocracia, alertou Ana Isabel Coelho, vogal do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), na conferência promovida pela PwC e pelo Jornal Económico (JE) sobre Fundos Europeus.
Para Ana Isabel Coelho, a aplicação e o benefício dos fundos europeus não podem ser analisados numa lógica de público por oposição a privado, porque há investimento público que é benéfico para as empresas, como a formação profissional.
“O Estado não trabalha para o Estado, mas sim para as empresas e para os cidadãos”, argumentou, acrescentando que, numa lógica de último beneficiário de políticas públicas, “todos os investimentos em matéria de formação profissional colocá-los-ia do lado dos apoios às empresas”.
A dirigente do IEFP considera que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “é construído tendo como pano de fundo os três grandes défices estruturais que se mantêm em Portugal há décadas: de qualificação dos portugueses, de competitividade da economia e o de coesão social e territorial”, que são os principais motores do “ciclo vicioso de baixas qualificações e competências, baixa produtividade, baixos salários e fenómenos de persistência de desemprego”.
Assim, urge uma requalificação da força de trabalho em Portugal, mas também uma reforma nos mecanismos para o fazer, para que sejam explorados, e dá este exemplo: “As empresas estão disponíveis para requalificar os seus trabalhos na travessia para esta nova revolução industrial, mas apenas 21% admite fazer uso dos recursos públicos”. O motivo? “Burocracia”.
“Apesar de eu ser uma defensora da burocracia boa, […] há uma grande componente de burocracia má que paralisa, inibe e afasta as empresas”, aponta.
O webinar sobre Fundos Europeus foi promovido pela consultora PwC e pelo Jornal Económico, com transmissão a 17 de março através da plataforma JE TV, onde continua disponível (www.jornaleconomico.pt).
A intervenção de abertura foi feita pelo ministro do Planeamento, Nelson de Souza, seguindo-se uma intervenção de Pedro Deus, Global Incentives Solutions Partner da PwC.
O debate contou com a presença de Nuno Mangas, presidente do Compete 2020; António Saraiva, presidente da CIP; Ana Isabel Coelho, vogal do IEFP – Instituto do Emprego e da Formação Profissional; e Duarte de Jesus Rodrigues, vice-presidente da Agência para o Desenvolvimento e Coesão.
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