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União Europeia exige participar nas negociações sobre Chipre lideradas pela ONU

As partes interessadas vão reunir-se em Genebra, Suíça entre 27 e 29 de abril próximo. Pela enésima vez, a comunidade internacional tenta resolver a questão, mas os resultados não serão, provavelmente, diferentes do costume.
Denis Balibouse/Reuters
22 Março 2021, 07h40

A União Europeia exige participar como observadora nas negociações lideradas pelas Nações Unidas sobre a ilha de Chipre, que terão lugar em Genebra, Suíça, de 27 a 29 de abril próximo. As negociações lideradas pela ONU sobre a questão de Chipre acolherão os dois lados na ilha – a República Turca do Norte de Chipre e Chipre (que a Turquia nomeia como ‘a administração cipriota grega’) – bem como os países fiadores Turquia, Grécia e Reino Unido.

A União fez saber que, sendo Chipre parte sua integrante, e tendo participado como observador nas negociações anteriores ocorridas em Crans-Montana (chipre) em 2017 quer manter o mesmo estatuto.

“A questão de Chipre é um dos problemas diplomáticos mais difíceis de resolver, mas seja qual for a solução, já que será numa ilha da União, como consequência natural e lógica estaremos lá”, disse uma fonte diplomática da União, citada por vários jornais. Para que a União possa participar, o secretário-geral da ONU, António Guterres, deve fazer um convite oficial.

No início deste mês, a União afirmou que o bloco está pronto para fornecer “qualquer assistência” possível aos líderes cipriotas turcos e gregos dos dois lados da ilha, assim como à ONU, acrescentando que precisa de se envolver nas negociações uma vez que Chipre é um problema da União.

“Quanto mais cedo a União se envolver totalmente nas negociações de acordos renovados, melhor”, escreveu o chefe de política externa do bloco, o espanhol Josep Borrell, no seu blog, após uma visita recente à ilha de Chipre, durante a qual se reuniu com Ersin Tatar, o presidente da República Turca, e com Nicos Anastasiades, o primeiro-ministro de Chipre.

Segundo os jornais turcos, o regime de Ancara expressou algum ceticismo sobre o envolvimento da União na questão de Chipre, dizendo que o bloco se mostrou um ator tendencioso na questão. O tema chegou a estar na agenda da mais recente cimeira de chefes de Estado e de governo da União – mas não lhes tomou muito tempo.

Do encontro saiu mais uma promessa de que a União insistiria em novas sanções contra a Turquia se os problemas na região continuassem – nomeadamente no que tem a ver com as discordâncias com a Grécia em relação à exploração económica do Mediterrâneo Oriental. Mas uma posição comum – que Chipre tentou impor quando por ‘vingança’ impediu que a União sancionasse o regime bielorrusso – parece difícil de conseguir, uma vez que a França do lado da Grécia e a Alemanha sem querer afrontar a Turquia, acabam sempre por chocar.

A questão de Chipre continua sem solução, apesar de uma série de esforços nas últimas duas décadas, incluindo uma iniciativa fracassada da ONU em 2017 com a participação dos países que vão estar na Suíça em abril.

A ilha está dividida desde 1964, quando ataques étnicos forçaram os cipriotas turcos a retirarem para enclaves seguros. Em 1974, um golpe cipriota que pretendia a anexação à Grécia levou à intervenção militar da Turquia. A República Turca acabaria opor ser fundada em 1983, mas o mundo não a reconhece como nação independente. Em 2004, o chamado Plano Annan (que previa um referendo) voltou a tentar resolver a situação – e voltou a não conseguir.

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