Eyal Edery é quem gere os complexos Cinema City em Portugal. Seguiu as pisadas do progenitor, Leon Edery, responsável pelas 95 salas em Israel. “Cresci envolvido pelo vídeo, pelo cinema. Da mesma forma que o cinema sempre foi a vida do meu pai, também se tornou a minha”, conta ao Jornal Económico.
Até chegar ao cargo atual, fez de tudo: “Pipocas, arrumação, projeção, gerência. Montei cadeiras nos cinemas novos – algures nos anos 90 estávamos a construir um cinema em Viseu e as cadeiras foram todas montadas por mim. O cargo que ocupo atualmente foi uma evolução natural do meu percurso”, explica.
Eyal Edery chegou a Portugal em 2000, na altura tinha 26 anos. O que o fascina na sétima arte? Vender sonhos. “O cinema é uma escapatória para os problemas do dia a dia. Durante esse período de tempo podemos viver o sonho do cinema e trazer algo dessa realidade para as nossas vidas. E, ao mesmo tempo, ainda nos estamos a educar, a aprender algo de novo. Não existe no mercado outro produto com o mesmo efeito”, sublinha.
Nos últimos 20 anos passou por muitos festivais e mercados de cinema. É aí que se cruza com a maioria das estrelas de Hollywood. “Spielberg, Clooney, Natalie Portman, Javier Bardem, a Mulher-Maravilha Gal Gadot, Russel Crowe, Amos Gitai e tantos outros”. Recorda-se da memória mais antiga que tem de um filme. “Tinha uns 4 anos e estava a ver Saturday Night Fever”. Quanto aos seus atores preferidos, já teve boas surpresas e desilusões. ”Durante muito tempo, o Robert De Niro foi dos meus atores favoritos mas depois deu um rumo à sua carreira com o qual deixei de me identificar. Neste momento, gosto do Ryan Gosling”, diz.
Gere as 46 salas de cinema distribuídas pelo Campo Pequeno, Alvalade, Beloura, Leiria, e dos Alegro de Setúbal e Alfragide. A expansão da empresa é uma prioridade. “Estamos constantemente a analisar novas possibilidades. Sempre que consideramos que um projeto faz sentido, estamos disponíveis para avançar”.
Em 2016 passaram pelos Cinema City 1.100.000 espetadores. Para este ano, a empresa prevê um aumento “entre 5% e 10%”. Até agora, o melhor filme do ano, em termos de bilheteira, foi o “Velocidade Furiosa 8”, mas há outros filmes que indiciam sucesso, como o “Gru 3 e um novo Star Wars no final do ano”.
O responsável olha de forma positiva para o mercado cinematográfico em Portugal. “Estamos no bom caminho porque estamos em franco crescimento e a recuperar dos anos de crise”. Mas admite que ainda há muito a fazer. “Em primeiro lugar, é preciso que o cliente volte a valorizar o produto cinema e a colocar a ida ao cinema na sua agenda como um evento de lazer”.
Principalmente a Geração Z, os mais jovens, que constituem o maior desafio. Para tal é necessário o apoio do Governo, no sentido de remover as atuais barreiras burocráticas e de implementar mecanismos antipirataria. “Por exemplo, o IVA dos bilhetes e dos bares de cinema aumentou e não voltou a ser revisto”, realça. No caso particular dos Cinema City, para fazer face à crise, a empresa apostou na diversificação da oferta, direcionando os serviços para eventos de grupo, de empresas ou de particulares. “Temos vindo a desenvolver serviços específicos para este target, como as festas de aniversário VIP e o próprio City Bar”.
O cinema português é uma forte aposta para o posicionamento do setor lá fora. “Nos últimos anos, tivemos o exemplo dos filmes do Leonel Vieira, que foram um sucesso de bilheteira e que trouxeram às salas um público que há muito não as frequentava. A expansão do cinema português será muito benéfica para o mercado interno, mas também para a melhoria do nosso posicionamento a nível internacional. Serão ainda criados novos postos de trabalho”.
Eyal Edery e a equipa dos Cinema City estão igualmente muito atentos ao público. O responsável em Portugal pela empresa diz que a principal diferença reside nas salas de Lisboa, já que “os clientes são mais permeáveis a filmes que saiam do circuito mais comercial. Em particular no Cinema City Alvalade, onde conseguimos ter uma programação mais diferenciada, com a exibição de conteúdos europeus e até um pouco mais alternativos”.
Já fora da área da Grande Lisboa, “são os blockbusters os favoritos. No global, estes dominam cerca de 90% do mercado”, conta.
O Cinema City nasceu para ser um cinema diferenciador, capaz de proporcionar experiências de valor. “Recusamo-nos a ter salas que se pareçam com buracos negros. Privilegiamos a decoração e a ambiência, com elementos de filmes que marcaram o nosso imaginário, para que os nossos clientes se sintam parte integrante do filme e se consigam alienar das suas realidades enquanto assistem a um filme nos nossos cinemas”.
Para o futuro, a família Edery tem muitos objetivos. “O céu é o limite!”, conclui.
Artigo publicado na edição do Jornal Económico de 11 de agosto. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.
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