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Era ‘fake news’: utilização do Facebook para aceder a notícias regista maior queda em três anos

Embora a confiança nas notícias tenha vindo a diminuir nos últimos três anos, os portugueses continuam a destacar-se face aos restantes países inquiridos.
28 Setembro 2017, 00h01

Em Portugal, a televisão continuar a ser a principal fonte de acesso a notícias, ao mesmo tempo que o smartphone ganha terreno face ao computador. Os dados são do mais recente estudo do Reuters Digital News Report.

A utilização da TV relativamente ao acesso a informação cresceu dois pontos percentuais (p.p) relativamente a 2016, sendo agora utilizada por 54,5% dos inquiridos. Já a internet surge em segundo lugar, com 31,5%, descendo 3,2 p.p face ao período homólogo.

Mais de 13% dos portugueses inquiridos admitiram que recorrem às redes sociais como principal fonte de notícia, um valor menor ao ano passado (15,9%), mas que continua a ser bastante expressivo.

“Se tivermos em conta o acesso a redes sociais em geral (e não apenas enquanto fonte principal de notícias) verificamos que 62,0% dos inquiridos utilizam este recurso, ou seja, os portugueses recorrem a redes sociais para aceder a notícias, mas esta ainda não é a sua principal forma de acesso”, lê-se no sexto relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ).

Redes Sociais como acesso principal a notícias

O Facebook continua a ser a rede social eleita pelos portugueses (54,3%) para primeiro contacto com notícias, seguido pelo YouTube (19,9%). No entanto, o estudo chama a atenção para o facto de o Facebook “ter vindo a perder utilizadores, em termos de consumos noticiosos – em 2015, 67,0% dos inquiridos afirmavam utilizar essa rede para se informar, em 2016 essa percentagem cai para 62,7%, para se fixar, em 2017, nos referidos 54,3%, uma queda de quase 13 pp em dois anos”.

Apesar de o computador portátil continuar a ser o dispositivo mais utilizado para aceder a notícias (66,6%), esta tendência tem diminuído nos últimos três anos, sendo que a percentagem deste ano é mais baixa em 5,5 pontos percentuais do que na percentagem de 2016.

“A tendência observada nos 3 anos da análise indica que o PC está a perder importância, neste quadro de análise, com o smartphone a ganhar cada vez mais importância”, sendo que 51,4% dos inquiridos dizem recorrer ao smartphone para aceder a notícias.

A utilização do Twitter é muito menor. Apenas 6,4% dos inquiridos utiliza esta rede social para notícias, o que mesmo assim representa uma subida na ordem dos 1,2 p.p face a 2016.

Confiança nas notícias

Os portugueses continuam a destacar-se face aos restantes países inquiridos, embora nestes três anos tenha vindo a decrescer. Este ano 58,4% dos inquiridos dizem confiar nas notícias. Em 2015 esse valor era de 66,0% e em 2016 de 59,6%.

Pagamento por notícias

Esta modalidade registou um aumento de 2,5 p.p entre 2015 e 2017, dos 7% para os 9,5%, “um indicador que continua a estar bastante abaixo da realidade de países como a Alemanha ou os Estados Unidos”, escrevem os responsáveis pelo estudo em Portugal, Gustavo Cardoso, Miguel Paisana e Ana Pinto Martinho, investigadores do OberCom e membros do CIES-IUL.

“Em 2017, 36,9% dos inquiridos afirmam ter adquirido algum título de imprensa escrita na semana anterior à da resposta ao inquérito, face a 39% em 2016, uma diminuição de 2,1 pontos percentuais; 28,0% dos inquiridos utilizam software de adblocking em algum dispositivo com que se ligam à Internet, entre estes 92,8% têm software desse género instalado no seu computador e 25,1% no seu smartphone; 34,3% dos inquiridos dizem estar disponíveis para visualizar anúncios em troca de notícias gratuitas.”

“O inquérito que serve de base a este projeto foi aplicado a mais de 70 mil indivíduos em 36 países, o que faz deste o maior estudo de comparação longitudinal de hábitos de consumo de notícias no mundo”, nota o comunicado.

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