Os reguladores da zona euro querem impor regras mais duras para fazer face ao problema do crédito malparado, que já atingiu quase 1 bilião de euros no bloco da moeda única, segundo o Financial Times (FT). O jornal adianta que o foco dos reguladores deverá estar no caso da Itália, onde o problema é especialmente agudo.
Depois do Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado na semana passada planos de exigir aos bancos mais controlo sobre novos empréstimos, os reguladores querem agora que essa regra também se aplique à acumulação de créditos malparados.
O BCE já tinha anunciado que iria reforçar a sua abordagem relativamente a um dos maiores problemas do sistema bancário europeu, emitindo novas diretrizes para lidar com créditos vencidos de longa data, no primeiro trimestre de 2018. Os bancos diretamente supervisionados pelo BCE estão expostos a crédito malparado no valor de 915 mil milhões de euros.
Em Itália, onde os créditos problemáticos são um dos principais responsáveis pelo mau desempenho da economia, o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi e os bancos italianos já retaliaram a proposta do BCE, argumentando que os bancos vão ficar mais relutantes em emprestar dinheiro, arriscando uma nova crise de crédito. Segundo o FT, a exposição dos bancos italianos a empréstimos malparados ascende aos 326 mil milhões de euros.
Os supervisores estão conscientes de que os bancos vão precisar de tempo para equilibrar os créditos malparados. “Precisamos de cerca de uma década para resolver completamente o problema”, disse uma fonte próxima do assunto ao FT. “Ninguém quer passar por regras tão exigentes porque o setor bancário pode não saber aguentar. Ninguém quer esmagar a Itália”.
Giovanni Sabatini, diretor-geral da Associação Bancária Italiana, criticou o BCE “por ir além” de um método acordado pelos chefes dos governos da União Europeia em julho. “A sua [do BCE] abordagem é muito questionável do ponto de vista jurídico”, disse Sabatini.
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