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Endividamento das empresas públicas e privadas com novo pico em agosto

Houve um agravamento do endividamento do sector não financeiro em agosto face aos 721,8 mil milhões de euros do mês anterior. Em agosto, o endividamento das economia (sem contar com a banca) situou-se em 723,3 mil milhões de euros, dos quais 319,2 mil milhões respeitavam ao setor público e 404,1 mil milhões ao setor privado.
20 Outubro 2017, 14h14

O Banco de Portugal publica hoje, no Boletim Estatístico e no BPstat, as estatísticas do endividamento das empresas e do financiamento das administrações públicas relativas a agosto de 2017.

No que se refere ao endividamento do setor não financeiro (empresas), em agosto, situou-se em 723,3 mil milhões de euros, dos quais 319,2 mil milhões respeitavam ao setor público e 404,1 mil milhões ao setor privado. Houve um agravamento do endividamento do sector não financeiro em agosto face aos 721,8 mil milhões de euros do mês anterior.

Relativamente a julho de 2017, o endividamento do setor público registou um incremento de 2,4 mil milhões de euros. Ao passo que o endividamento do setor privado diminuiu 0,9 mil milhões de euros.

De salientar que segundo  banco central o acréscimo do endividamento do setor público reflete o aumento do financiamento concedido pelas administrações públicas, particulares e setor financeiro, aumento esse parcialmente compensado pelo decréscimo do financiamento externo.

Já a evolução do endividamento do setor privado deveu-se, sobretudo, ao decréscimo do endividamento das empresas junto do setor financeiro e do exterior.

Detalhando os números verifica-se que a dívida das administrações públicas subiu para 312,6 mil milhões, acima dos 310,2 mil milhões de julho, e o valor mais alto do ano até agosto.

As empresas públicas registam uma dívida total de 43,75 mil milhões (ligeiramente abaixo de julho), das quais 37,15 mil milhões é das empresas públicas incluídas nas administrações públicas e o resto, 6,6 mil milhões é de empresas públicas não incluídas nas administrações públicas. Portanto o setor público não financeiro (sem a CGD basicamente) – isto é todas as empresas públicas excepto bancos, seguradoras e outras instituições financeiras, tinha em agosto uma dívida de 319,2 mil milhões, o que é um novo recorde.

Nas empresas privadas a dívida caiu ligeiramente em agosto face a julho, para 262,4 mil milhões (em julho era de 263,3 mil milhões). Destaque aqui para as PME que tinham uma dívida total em agosto de 157,1 mil milhões (abaixo dos 157,4 mil milhões em julho). Aqui, as 344 mil microempresas tinham 64,876 mil milhões de dívida, 25% do total do endividamento das empresas, e acima do valor de julho que era de 64,672 mil milhões; as 34 mil pequenas empresas tinham uma dívida em agosto de 43,319 mil milhões, abaixo dos 43,5 mil milhões em julho; e as seis mil médias empresas somavam um endividamento de 48,994 mil milhões, abaixo dos 49,2 mil milhões no mês anterior. As 1.000 grandes empresas tinham uma dívida de 81,696 mil milhões (31% do total do endividamento das empresas), abaixo dos 82,2 mil milhões de julho. Finalmente as SGPS não financeiras tinham em agosto um endividamento de 23,551 mil milhões (23,6 mil milhões em julho).

Os particulares tinham em agosto uma dívida de 141,589 mil milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 141,6 mil milhões de julho. Sendo que a quebra também se fez sentir no crédito à habitação (101,37 mil milhões), o que não é de estranhar uma vez que o mês de agosto é atípico por ser um mês de férias.

Há então um novo recorde no endividamento da economia portuguesa, ou seja, o que o sector público não financeiro, as empresas e os particulares pedem às administrações públicas, ao sector financeiro, a empresas, a particulares ou o financiamento vindo do exterior.

Administrações públicas trocam dívida bancária por emissão de títulos de dívida

Entre janeiro e agosto de 2017, o financiamento das administrações públicas foi de 2,6 mil milhões de euros, valor inferior aos 4,4 mil milhões de euros registados em igual período de 2016. Até julho deste ano o financiamento das administrações públicas somava 4,5 mil milhões. Destaque para o facto de a administração central ter até agosto um financiamento de 4,816 mil milhões (abaixo dos 6,1 mil milhões em agosto do ano passado e dos 6,2 mil milhões até julho deste ano). A compensar  em parte a dívida da administração central estão os depósitos dos fundos de segurança social junto do Tesouro de 1,609 mil milhões.

O financiamento das administrações públicas através de títulos foi de 11,0 mil milhões de euros, valor que mais do que compensou a redução de 8,4 mil milhões de euros nos empréstimos líquidos de depósitos.

O financiamento obtido pelas administrações públicas junto dos bancos e de outros financiadores residentes foi de 1,9 mil milhões de euros e de 3,9 mil milhões de euros, respetivamente. Em contrapartida, o financiamento das administrações públicas no exterior situou-se em -3,2 mil milhões de euros, refletindo essencialmente reembolsos antecipados de empréstimos do Fundo Monetário Internacional no montante de 5,3 mil milhões de euros.

Tal como anteriormente divulgado pelo Banco de Portugal a dívida pública, pela óptica de Maastrich atingiu o pico de 250,4 mil milhões de euros em agosto. Já a dívida líquida de depósitos no banco central soma 222,67 mil milhões.

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