Ficaram para sempre retidas no imaginário dos norte-americanos as imagens de compatriotas seus em fuga totalmente desordenada de Saigão, capital do Vietname do Sul horas antes da tomada da cidade pelas tropas do Vietname do Norte, lideradas pelo líder comunista Ho Chi Minh.
Agora, o senador Mitch McConnell, líder dos republicanos naquela câmara, diz que o cenário pode repetir-se em Cabul – onde estão, segundo dados não oficias, cerca de 600 norte-americanos civis que têm de ser rapidamente retirados do local face a mais uma investida das tropas taliban.
Com milhares de soldados norte-americanos a regressar à capital afegã para evacuar os funcionários da Embaixada, o líder da minoria no Senado disse que os Estados Unidos estão na iminência de sofrerem “um desastre maciço, previsível e evitável” – numa clara crítica à forma como a administração Biden está a lidar com o processo.
Perante as notícias que dão como certa a queda da segunda maior cidade do Afeganistão, Kandahar, nas mãos dos taliban, ficou também claro que o mais recente esforço desesperado do governo afegão para parar a ofensiva militar insurgente não surtiu qualquer efeito. De facto, na passada quinta-feira, surgiram notícias de que o governo liderado por Ashraf Ghani enviou uma proposta aos taliban, por via dos negociadores do Qatar, avançando que estaria disposto a dividir o poder se as combates acabassem de imediato.
Não só os combates não acabaram – terão até subido de tom – como aparentemente nem sequer houve qualquer resposta do lado dos insurgentes. Ou seja, a ordem entre os taliban parece ser a de continuar o combate até que as forças governamentais se rendam.
E é nesse contexto que McConnell considera a saída dos Estados Unidos uma precipitação – ou pelo menos uma atuação pouco calculada. O líder dos republicanos sabe que a ordem de abandonar o Afeganistão surgiu durante a administração republicana de Donald Trump e que Joe Biden se limitou a prossegui-la. Com alguma pressa acrescida, é certo.
De qualquer forma, McConnell criticou a administração Biden pela sua decisão de anunciar a retirada das tropas até 11 de setembro – coincidindo com o 20º aniversário do ataque às torres gémeas de Nova Iorque, que precipitou a invasão do Afeganistão.
“As últimas notícias de uma nova retirada na nossa Embaixada e o envio apressado de forças militares parecem preparativos para a queda de Cabul”, disse McConnell, que acrescentou que “as decisões do presidente Biden fizeram recordar-nos uma sequência ainda pior da humilhante queda de Saigão em 1975”.
“O Presidente Biden está a descobrir que a maneira mais rápida de acabar com uma guerra é perdê-la”, disse McConnell, que pediu à casa Branca que se comprometa com o fornecimento de mais apoio às forças afegãs. Sem esse apoio “a Al-Qaeda e os Taliban podem celebrar o 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro incendiando a nossa Embaixada em Cabul”.
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