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Sanções do Ocidente congelam financiamento de investigadores que estudam alterações climáticas na Sibéria

As sanções do Ocidente à Rússia têm penalizado as operações da Estação de Ciência do Nordeste, na Sibéria. Além das verbas internacionais congeladas, centenas de parcerias entre instituições russas e ocidentais foram interrompidas.
10 Abril 2022, 17h40

As sanções do Ocidente contra a Rússia não estão a atingir apenas a economia da federação. Dezenas de cientistas e investigares a  Estação de Ciência do Nordeste no rio Kolyma, na Sibéria, que acompanham a evolução das alterações climáticas naquela região, viram os trabalhos a serem suspensos por causa das repercussões do conflito armado.

Após a invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, o Instituto Max Planck de Biogeoquímica, na Alemanha, congelou o financiamento usado para pagar a equipa do instituto de pesquisa e investigação na Sibéria, de acordo com a “Reuters”.

O congelamento do financiamento levará a uma interrupção das medições recolhidas pela instituição desde 2013, comprometendo a compreensão dos cientistas sobre a tendência de aquecimento naquela região, explicou Peter Hergersberg, porta-voz da Sociedade Max Planck, financiada pelo estado alemão, à agência.

A “Reuters” conversou com mais de duas dúzias de cientistas sobre o impacto do conflito na Ucrânia na ciência russa. Muitos expressaram preocupação com o futuro depois de dezenas de milhões de dólares em financiamento ocidental destinados à ciência russa tenham sido suspensos após as sanções europeias a Moscovo.

Além das verbas, centenas de parcerias entre instituições russas e ocidentais foram interrompidas ou mesmo canceladas, revelaram os cientistas à agência, já que a invasão desfez anos de construção de cooperação internacional após o colapso da União Soviética em 1991.

Os projetos afetados pela suspensão da assistência ocidental incluem a construção de instalações de pesquisa de alta tecnologia na Rússia, como um colisor relativístico de íons pesados e um reator nuclear, para os quais a Europa prometeu 25 milhões de euros. Essa tecnologia iria permitir desbloquear uma geração de pesquisas que poderia contribuir para o desenvolvimento de novos materiais, combustíveis e produtos farmacêuticos, disseram os cientistas.

Também a verba de 15 milhões de euros destinados à produção de materiais de baixo carbono e tecnologias de baterias necessárias para ajudar a combater as alterações climáticas foi congelada, depois da União Europeia ter interrompido toda a cooperação com entidades russas no mês passado.

Desde o fim da União Soviética, o financiamento russo melhorou, mas continua muito abaixo das contribuições do Ocidente. Em 2019, a Rússia gastou 1% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). A maior parte desse dinheiro foi gasto em campos da ciência física, como tecnologia espacial e energia nuclear. Em comparação, Alemanha, Japão e Estados Unidos gastam cerca de 3% de seus respetivos PIBs.

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