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“Atacar uma máquina de tabaco Iqos não vai ser muito útil aos hackers”, diz especialista da Philip Morris

Michele Cattoni, vice-presidente de Produtos de Tabaco Aquecido, diz ao Jornal Económico, no evento “Technovation” em Neuchâtel, que “é impossível atacar a totalidade do dispositivo” de tabaco aquecido da marca norte-americana.
15 Junho 2022, 06h50

Água, terra, ar (vento) e… Nada de fogo, porque o tabaco deve-se aquecer e não queimar. É esta a ideia da Philip Morris International (PMI), que escolheu o trio de elementos naturais para dar nome às três zonas que compõem o centro de investigação e desenvolvimento (I&D) da empresa, na cidade suíça de Neuchâtel. O edifício “Cube”, onde trabalham mais de mil pessoas de 30 países, foi também o palco escolhido para o evento tecnológico “Technovation”, onde o Jornal Económico (JE) falou com o vice-presidente de Produtos de Tabaco Aquecido na PMI sobre a tecnologia e cibersegurança por detrás das famosas canetas de Iqos.

Michele Cattoni não descarta que as máquinas, cada vez mais digitais, possam ser um alvo dos hackers, mas reconhece que tirariam poucas mais-valias de um eventual ataque. “Como envolve tecnologia pusemos uma camada de proteção adequada para que as pessoas não possam entrar no núcleo do software, tendo em antemão que é impossível atacar a totalidade do nosso dispositivo”, começa por explicar.

“Claro que um engenheiro muito bom vai descobrir a forma de chegar ao coração do aparelho, enfrentando dificuldades porque temos todas as medidas de cibersegurança para o impedir, mas no final do dia não há muito por ganhar ao entrar no dispositivo, além de encontrarem alguma patente ou dados que não deverão ser muito úteis para os piratas informáticos”, esclareceu o responsável de I&D da dona da Tabaqueira, em declarações JE à margem deste evento smoke-free (“sem fumo”).

Temos todos uma responsabilidade de eliminar os cigarros deste mundo – Stefano Volpetti

O arranque do Technovation esteve a cargo do italiano Tommaso Di Giovanni, vice-presidente de Comunicação Global da PMI, que comparou os novos produtos de tabaco a outras três invenções que fizeram torcer o nariz a cidadãos e legisladores e hoje são amplamente utilizadas: a aviação, o cinto (que só dez anos depois de ser criado por Nils Bohlin é que um governo, da Austrália, o implementou em prol da segurança rodoviária) e o frigorífico, que alterou o paradigma da saúde gástrica no século XIX.

“Quando pensamos em inovação pensamos em algo positivo. E se pensarmos duas vezes muita da inovação que nos chegou veio com ceticismo, como aconteceu na altura de Galileu Galilei [que demonstrou que a Terra girava à volta do sol e refutou a teoria geocentrista, da Antiguidade]. Hoje não percebemos os aspetos da nossa vida diária que exigem inovação, porque a damos como dado adquirido. Com o tabaco não é diferente”, comparou Tommaso Di Giovanni.

É nesse âmbito que a PMI investiu cerca de 9 mil milhões de euros investidos em I&D desde 2008, ano em que o edifício “Cube” foi construído. A missão da multinacional é substituir, por outras alternativas, os cigarros dos fumadores que se recusam a deixá-los e, portanto, o objetivo estratégico-financeiro é daqui a três anos ter 50% das receitas líquidas oriundas de produtos sem fumo (como tabaco aquecido ou nicotina em comprimidos). Todavia, Stefano Volpetti, diretor de Consumo da PMI e presidente de Produtos ‘Smoke-Free’ da PMI, recusa que o ónus caiba apenas à indústria: “Temos todos uma responsabilidade de eliminar os cigarros deste mundo”.

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