Carlos Carreiras, presidente da maior autarquia social-democrata do país, prevê a vitória de Rui Rio na segunda volta das diretas no PSD e considera que Pedro Passos Coelho voltará a unir o partido, se e quando quiser regressar.
Numa conversa com a agência Lusa e o jornal espanhol Voz da Galiza, à margem da apresentação do plano de eventos e investimentos do concelho de Cascais para 2020, Carlos Carreiras, que apoiou Miguel Pinto Luz, seu vice-presidente na autarquia, na primeira volta das diretas, e está agora com Luís Montenegro, manifestou contudo a convicção de que Rio sairá vitorioso no sábado.
“Toda a gente sabe que não é o meu candidato, e acho que é a pior solução para o PSD, mas acho que irá ganhar”, assumiu o presidente da Câmara Municipal de Cascais, embora alertando que o sufrágio poderá ficar “ferido na sua legitimidade” com o anunciado boicote entre os sociais-democratas da Madeira.
“A surpresa será não ganhar”, argumentou, antevendo um partido “muito fragmentado” e prometendo não calar as suas opiniões.
Carlos Carreiras lembrou que os votos dos sociais-democratas madeirenses poderiam fazer a diferença numa segunda volta renhida entre Rio e Montenegro, mas com o boicote poderá pairar a dúvida sobre quem é o candidato preferido dos militantes.
Na Madeira, segundo a estrutura regional, votaram na primeira volta 1.712 militantes, tendo Miguel Pinto Luz obtido 863 votos, enquanto Rui Rio reuniu 544 e Luís Montenegro 275. Mas a votação foi anulada pelo Conselho de Jurisdição Nacional do PSD por ter violado as regras estabelecidas, por terem votado militantes que não estavam inscritos nos cadernos eleitorais.
O líder da maior autarquia social-democrata do país voltou a classificar Rui Rio como “traidor”, por ter alinhado com a extrema-esquerda durante o período de intervenção externa da ‘troika’ – FMI, Banco Central Europeu e União Europeia -, e a manifestar apoio a Luís Montenegro na segunda volta.
Questionado sobre um eventual regresso à política partidária do ex-primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Passos Coelho, de quem foi vice-presidente e coordenador autárquico, Carlos Carreiras mostrou-se convicto de que o partido se unirá à sua volta.
“Se e quando Pedro Passos Coelho decidir voltar, tenho a certeza de que o partido estará unido” a apoiá-lo, sustentou o autarca de Cascais, embora recordando problemas do foro pessoal do ex-primeiro-ministro que o poderão manter afastado da vida política ativa.
Na quarta-feira, num artigo de opinião no publicado no jornal i, Carreiras manifestou apoio a Luís Montenegro, na segunda volta das diretas do PSD, para pôr fim ao “Socialistão” em Portugal.
No artigo, o presidente do município de Cascais defende que o atual PSD liderado por Rui Rio não existe como alternativa, é “a antítese do projeto de Sá Carneiro” e está “a milhas do partido grande, de Cavaco Silva, e reformista, de Pedro Passos Coelho.”
Já na noite de quarta-feira, o autarca foi o convidado especial de uma sessão com militantes da candidatura de Montenegro, em Oeiras (Lisboa), na qual procurou marcar as diferenças entre os dois candidatos que vão disputar a segunda volta das eleições diretas.
“Nunca vi Luís Montenegro ou os seus apoiantes a participarem em sessões na Aula Magna com a extrema-esquerda (…), não vi Luís Montenegro a fazer campanhas por outros candidatos a concorrer contra o partido, não o vi em nenhuma ação contra o PSD, o mesmo não posso dizer de Rui Rio e dos seus próximos”, disse, alertando que o PSD com o atual líder pode vir a tornar-se “completamente irrelevante”.
“Se nem Roma pagou aos traidores, porque é que o PSD há de agora pagar aos traidores?”, questionou.
Rui Rio e Luís Montenegro disputam no sábado a segunda volta das eleições diretas para escolher o próximo líder do PSD.
O atual presidente do PSD foi o candidato mais votado na primeira volta das diretas com 49,02% dos votos expressos, enquanto o antigo líder parlamentar conseguiu 41,42%. Miguel Pinto Luz, o terceiro candidato mais votado, obteve 9,55% (3.030 votos) e ficou fora da segunda volta.
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