O presidente do Líbano, Michel Aoun, e o primeiro-ministro em exercício, Hasan Diab, assinaram o decreto para a formação de um novo governo quase três meses após a renúncia de Saad Hariri, anterior primeiro-ministro, e de semanas de violência – de que resultaram cerca de 500 feridos. “Este é um governo que representa as aspirações dos manifestantes mobilizados há três meses”, disse Diad, citado por várias agências internacionais.
Mas os manifestantes não parecem ter a mesma opinião: assim que os nomes dos 20 ministros foram conhecidos, regressara, às ruas cortaram estradas e reuniram em frente ao Parlamento em protesto perante um executivo que afirmam não satisfazer as suas pretensões.
Os manifestantes exigem desde 17 de outubro o banimento do poder da elite político-confessional, que acusam de levar o país à falência. Diad foi nomeado em 20 de dezembro como primeiro ministro interino e pediu aos libaneses “uma oportunidade”, enquanto prometia um gabinete tecnocrata e não político para tentar salvar o país da banca rota.
Um terço dos 4,5 milhões de libaneses vive abaixo da linha da pobreza, as infraestruturas estão literalmente em desintegração, os cortes de eletricidade são diários e a população sofre com o abuso de máfias que fornecem água e eletricidade. A libra libanesa perdeu mais de 60% do seu valor desde o início dos protestos, depois de os bancos imporem um controlo informal aos levantamentos de capital. O país acumula uma dívida pública de quase 76 mil milhões de euros, 150% do PIB, e está no topo da lista de governos corruptos da região.
O Hezbollah, muito próximo do regime iraniano, chegou a disparar contra os manifestantes e Hassan Nasrallah, líder do movimento, não apoiou a demissão do governo de Hariri. Segundo a imprensa internacional, também os governos da França e dos Estados Unidos defendiam a manutenção de Hariri como primeiro-ministro.
O bloco político minoritário que integra Hariri e principal representante da comunidade sunita recusou fazer parte do novo governo. O projeto do novo gabinete está exclusivamente nas mãos do bloco maioritário, o Hezbollah-Amal, xiita, juntamente com o principal partido cristão, liderado por Yibran Basil, ministro das Relações Exteriores em exercício e genro do presidente Aoun.
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