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Topo da agenda: o que não pode perder na economia e nos mercados esta semana

Os analistas dizem que três fatores vão estar em foco esta semana: o espalhar do vírus, os dados económicos e sinais dados pelos bancos centrais.
2 Março 2020, 08h05

Coronavírus: mais fuga do risco?

“É pouco provável que os investidores consigam relaxar durante a próxima semana”. A frase de Hans-Jörg Naumer, diretor de global capital markets & thematic research da Allianz GI, parece até um eufemismo após o trauma da semana passada. Os três principais índices em Wall Street registaram a pior semana desde outubro de 2018, ou seja, desde o pico da crise financeira, perdendo todos mais de 10%.  Na Europa, as principais bolsas tombaram

Durante as últimas semanas, os investidores em ações reagiram de forma apenas esporádica, com algumas sessões de quedas a serem menos frequentes que outras de correção e de ganhos, permitindo aos índices permanecerem perto de máximos. Na semana passada, no entanto, com a aceleração do alastrar do surto fora da China, incluindo centenas de casos e mais de 20 mortes em Itália, a reação foi de um selloff mais longo e pesado. Na Europa, DAX, FTSE 100, CAC40 e outros índices perderam mais de 11%. O português PSI 20 não foi excepção e afundou 11,53%, também a pior semana desde outubro de 2008.

Os analistas dizem que três fatores vão estar em foco esta semana: o espalhar do vírus, os dados económicos e sinais dados pelos bancos centrais. “É impossível prever como o coronavírus irá se propagar e as notícias sobre o surto poderão conduzir os mercados em qualquer direção”, referiu Naumer, adiantando que os investidores irão estar atentos a dados económicos como o PMI Caixin da manufactura na China e em Itália (segunda-feira), da inflação na zona euro (terça-feira) e os non-farm payrolls nos EUA (sexta-feira).

Os principais bancos centrais têm mostrado preocupação perante a incerteza criada pelo coronavírus, mas segundo Gajan Mahadevan, estrategista do Lloyds Bank, “ainda não vêem grande urgência para fazerem alterações no curto prazo”. O Banco Central Europeu realiza a reunião de política monetária a 12 de março e a Reserva Federal a 17 e 18 de março.

OPEP+: hora de agir?

O petróleo tem sido um dos ativos mais afetado pelo surto do coronavírus, com a queda a procura pelo maior consumidor do mundo – a China – e mais recentemente os receios sobre impacto na economia global do propagar do vírus noutros país a pressionar os preços. O preço do barril de Brent já tombou 24,12% este ano e o de Crude WTI 25,89%, para 50,08 e 45,25 dólares, respetivamente.

O cartel OPEP e outros produtores liderados pela Rússia, o chamado OPEP+, iniciam esta quinta-feira uma reunião de dois dias. Em dezembro de 2019, o grupo decidiu cortar a produção em 500 mil barris por dia durante o primeiro trimestre. Em fevereiro, a joint technical committee do grupo recommendou aos ministros uma extensão dos cortes até ao final do ano e corte adicional de 600 mil barris por dia.

A decisão irá depender da Rússia, que tem sido renitente em relação a cortes na produção e se mantido em silêncio sobre a recomendação da joint technical committee.

Carlos Costa no Parlamento para falar do EuroBic

O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, irá estar no do Parlamento esta quarta-feira às 9h30 para uma audiência na Comissão de Finanças. O tema da audição será, segundo apurou o Jornal Económico, o EuroBic, banco  de onde, segundo o Luanda Leaks, foram feitas transferências num total de 57,3 milhões de euros da conta da petrolífera angolana Sonangol para uma conta no Dubai detida por uma amiga e pelo advogado de Isabel dos Santos.

Além do papel do BdP na supervisão do banco – Carlos Costa já rejeitou qualquer ‘omissão’  – o governador deverá ter de responder a perguntas sobre o processo em curso de venda do EuroBic ao espanhol Abanca. Esta sexta-feira, o EuroBic emitiu um comunicado a negar que o presidente executivo, Fernando Teixeira dos Santos, esteja a ser investigado pelo BdP, explicando que  o que está em averiguação por parte do supervisor são as operações de transferência ordenadas pela Sonangol.

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