A Comissão Europeia projecta um tombo da economia nacional de 6,8% este ano, antes de recuperar para um crescimento de 5,8% em 2021. Nas projeções de Primavera, divulgadas esta quarta-feira, o executivo comunitário calcula o impacto que a pandemia do novo coronavírus tem na economia portuguesa, vendo o PIB nacional a contrair ligeiramente menos do que a média da zona euro e do que o estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para este ano.
“A economia de Portugal vinha a apresentar um forte desempenho até ao final de fevereiro de 2020, mas a situação económica mudou drasticamente em março, quando ocorreu a pandemia da Covid-19”, dizem os peritos de Bruxelas.
Depois de um crescimento da economia portuguesa de 2,2% no ano passado, a Comissão Europeia projecta que o PIB “permaneça abaixo dos níveis de 2019 até 2021”. Calcula que a contração do PIB seja de 6,8%, abaixo do tombo de 8% projectado pelo FMI, porém mais pessimista do que o Banco de Portugal. Em março, o regulador estimava num cenário base uma redução de 3,7% do PIB este ano e de 5,7% num cenário adverso.
A queda da economia portuguesa será, nas projeções de Bruxelas, inferior à da zona euro, que deverá cair 7,7% e 7,4% na União Europeia. Porém, calcula em 2021 recupere para 5,8%, enquanto a zona euro deverá crescer 6,3% e a União Europeia 6,1%.
Realçando que o Governo anunciou as medidas de contenção a 12 de março e um estado de emergência a 18 de março, com restrições à mobilidade, assinalam que “muitas empresas suspenderam as operações, sendo o turismo o mais atingido”.
“Os riscos estão inclinados para o lado descendente, dada a dependência de Portugal do turismo estrangeiro”, refere.
Taxa de exportações e importações caem a dois dígitos
A Comissão Europeia projecta uma queda acentuada na generalidade das componentes do PIB. A procura interna deverá “contrair-se substancialmente” este ano, mas também as exportações e importações seria fortemente atingidas pelo impacto da pandemia do novo coronavírus, antes de recuperarem no ano seguinte.
“Prevê-se que as exportações e importações caiam a taxas de dois dígitos em 2020 e recuperem substancialmente em 2021”, assinalam. De um crescimento de 3,7% em 2019, as exportações devem contrair 14,1% este ano e recuperar fortemente para 13,2% no ano seguinte. O turismo será o principal responsável, a refletir as menores receitas que Portugal obtém de turistas estrangeiros, que representaram “cerca de 8,7% do PIB no ano passado”, assim como “as medidas de distanciamento social” que afetam os serviços durante o segundo semestre de 2020.
Também as importações vão cair de 5,2% em 2019 para -10,3% este ano, devido à “forte queda no investimento em equipamentos e no consumo de bens duradouros”, compensando “parcialmente a queda nas exportações”. As importações deverão voltar crescer 10,3% em 2021.
“Em termos nominais, também se espera que a balança comercial beneficie da queda nos preços do petróleo”, explicam.
Bruxelas prevê ainda que o consumo privado caia a uma taxa ligeiramente menos do que o PIB (-5,8% este ano), uma vez que “as medidas políticas compensam parcialmente as perdas de rendimento das famílias”. O investimento em equipamentos deverá ser o mais atingido, em resultado da incerteza e interrupções nas supply chain.
Por outro lado, o investimento em construção deverá resistir, “beneficiando do ciclo e da recém-introduzida flexibilidade nos fundos da União Europeia”.
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