O editor de Política da Agência Lusa, José Pedro Santos, pediu a demissão do cargo que ocupava. A Direção de Informação da agência noticiosa aceitou o pedido do jornalista.
“Na sequência da notícia transmitida ontem na linha da Lusa, identificando de modo inaceitável uma deputada do Partido Socialista, a Direção de Informação comunica que o editor de Política, José Pedro Santos, pediu a demissão do cargo, que foi aceite”, segundo comunicado da DI a que o JE teve acesso.
A DI avança ainda que instaurou um processo de averiguações ao jornalista Hugo Godinho, o autor da peça, de modo a apurar as circunstâncias como foi elaborada a notícia.
“A Direção de Informação da Lusa comunica ainda que tendo em vista o dano moral e reputacional provocado na imagem da agência, instaurou um processo de averiguações ao jornalista Hugo Godinho, a fim de apurar as circunstâncias em que a notícia foi elaborada”, lê-se na missiva da agência.
A peça foi originalmente publicada pelas 18h00 de quinta-feira. À frente do nome da deputada afrodescendente surgia uma expressão racista entre parênteses.
Detetado o erro, a Agência Lusa corrigiu a notícia em que a deputada Romualda Fernandes foi identificada de “modo inaceitável, contra todas as regras éticas e profissionais”, nas palavras da DI.
Mais tarde, pelas 00h42 de sexta-feira, a Direção de Informação da Lusa comunicava que lamentava “profundamente o erro de uma notícia transmitida pela agência sobre a constituição da comissão da revisão constitucional em que uma deputada do Partido Socialista surge identificada de modo inaceitável, contra todas as regras éticas e profissionais constantes do Código Deontológico dos Jornalistas e do Livro de Estilo da Lusa”.
Na altura, a DI da Lusa acrescenta que vai “proceder a uma investigação sobre o que aconteceu” e “apresenta as suas desculpas à deputada, ao Partido Socialista” e a “todos os clientes e leitores” da agência.
Por sua vez, a Comissão de Trabalhadores da Agência Lusa veio hoje a público condenar o ato de discriminação e a “sucessão de erros” que levou a uma “identificação indigna e inaceitável” da deputada Romualda Fernandes numa notícia escrita por um jornalista da agência noticiosa.
“A Comissão de Trabalhadores condena profundamente o ato de discriminação e a sucessão de erros que culminou numa identificação indigna e inaceitável da deputada Romualda Fernandes, numa notícia da Lusa, que atenta contra todos os valores defendidos pela agência e seus trabalhadores”, lê-se no comunicado a que o JE teve acesso.
De acordo com a Comissão de Trabalhadores, “este episódio é o oposto do trabalho, rigor, isenção, identidade e valores da agência em Portugal, nos países lusófonos e no resto do mundo” e que o mesmo “viola a dignidade humana”, mais até do que as próprias regras jornalísticas.
Assim, e no âmbito da notícia, a Comissão de Trabalhadores pede que seja realizada uma “averiguação, responsabilização e explicação do processo, de forma transparente, que mostre que a Lusa não tolera qualquer tipo de discriminação”.
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